A previsão do mercado financeiro para os juros até o fim de 2024 ficou mais pessimista, de acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira, 16, pelo Banco Central (BC).
Segundo o relatório, a estimativa é que a taxa básica de juros (Selic) aumente de 9% a 9,13%, até o fim deste ano. A inflação, por sua vez, deve ficar em 3,71%. A nova projeção está abaixo do projetado há uma semana (3,76%).
Há quatro semanas, esperava-se que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país, fechasse 2024 em 3,79%.
+ Leia mais notícias de Economia em Oeste
Conforme o documento, as estimativas para este ano estão dentro do intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. O relatório resume as estatísticas calculadas ao considerar as expectativas do mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação.
Os agentes do mercado financeiro estimam um crescimento de 1,95% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
Saiba mais: “Preço de alimentos já sobe mais que o dobro da inflação este ano”
Há quatro semanas, a expansão estava planejada para 1,8% ao fim de 2024. Para os anos seguintes, a estimativa se mantém estável há semanas, em 2% para 2025, 2026 e 2027.
Focus Relatório de Mercado … by Revista Oeste
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação fixaram-se em 3%, com a mesma tolerância.
Aumento da Selic e do dólar
Em contrapartida, o câmbio e a taxa básica de juros (Selic) apresentaram uma tendência de alta. No caso da Selic, cujas previsões anteriores estavam em 9% ao fim de 2024, o mercado aumentou as estimativas para uma taxa de 9,13% neste ano. As projeções se mantêm mais estáveis em 2025 (8,5%), 2026 e 2027 (8,5%).
Leia também: “Atividades turísticas recuam em fevereiro, revela IBGE”
O dólar sofrerá um aumento de R$ 4,95 para R$ 4,97 até o fim deste ano. Há quatro semanas, a cotação estava em R$ 4,95. Para 2025, as projeções da cotação da moeda norte-americana sobe para R$ 5. O mercado prevê uma cotação de R$ 5,03, para 2026, e de R$ 5,07, para 2027.
Ministro do Trabalho culpa Banco Central por alta do juros: “Precisa estudar fundamentos da economia”
No fim de março, o Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, culpou o Banco Central (BC) pelo fracasso em relação à política de juros.
“Está faltando estudar um pouco fundamentos da economia”, disse Marinho, ao referir-se ao BC.
Ministro do Trabalho diz que Banco Central precisa “estudar fundamentos da economia”.
— Metrópoles (@Metropoles) March 27, 2024
“Existem duas maneiras de controlar a inflação. Uma forma é restringir (…) mas é a forma burra de fazer. O jeito inteligente é você controlar a inflação pela oferta”, afirmou Luiz Marinho… pic.twitter.com/MfKYXQotoP
De acordo com o ministro, há duas maneiras de controlar a inflação. A primeira, que chamou de “burra”, é restringir a circulação de dinheiro. Conforme Marinho, esse modelo ocorre por meio do aumento de juros e do corte de crédito.
A segunda forma, de acordo com o ministro, é a “inteligente”. Essa se faz “quando se controla a inflação por meio da oferta”.
Brasil tem a 7ª maior inflação dos últimos 12 meses entre países do G20
O Brasil registrou a sétima maior inflação dos últimos 12 meses entre os países do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. O levantamento foi realizado pela agência de risco Austin Rating e divulgado no sábado 13, pelo site Poder360.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação para o período fechou em 3,9%. O órgão é responsável IPCA.
Leia mais: “Inflação: mercado financeiro reduz estimativa para 2024 e 2025”
A Argentina lidera o ranking da inflação entre os países do G20. O país foi o único que fechou o índice na casa dos três dígitos, em 287,9%. Em segundo lugar, a Turquia fechou em 68,5%, seguida pela Rússia, com uma inflação de 7,8%.
O G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia. Confira os dez países do grupo com a maior inflação nos últimos 12 meses:
- Argentina: 287,9%;
- Turquia: 68,5%;
- Rússia: 7,8%;
- África do Sul: 5,2%;
- Índia: 4,8%;
- México: 4,4%;
- Brasil: 3,9%;
- Estados Unidos: 3,5;
- Austrália: 3,3%; e
- Reino Unido: 3,1%.
Leia também: “Esperavam picanha, receberam inflação”, reportagem de Carlo Cauti publicada na Edição 212 da Revista Oeste
