PIB de 2020 deve cair 6,5%, mas o tombo pode chegar a 10,2% em cenário mais pessimista
A Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, estima que, no cenário atual, o Brasil só volte a ter contas no azul em 2033.
Caso isso se confirme, serão quase duas décadas de rombos sucessivos desde o primeiro ano de déficit, em 2014.
Esse quadro significaria também que os próximos dois presidentes da República teriam o mandato integralmente marcado por desequilíbrio nas contas públicas.
Em 2020, os gastos para minimizar a crise provocada pela pandemia da covid-19 e a perda de receitas com a desaceleração da economia levarão União, Estados e municípios a registrar um rombo de R$ 912,4 bilhões.
Só nas contas do governo central, que reúne Tesouro, INSS e Banco Central, o déficit deve ser de R$ 877,8 bilhões.
O diagnóstico a ser revelado nesta segunda-feira, 15, acende um alerta para a sustentabilidade fiscal do país.
A dívida bruta como proporção do PIB, indicador observado por investidores para analisar a capacidade de um governo de honrar seus compromissos, dará um salto para 96,1% em 2020, mais de 20 pontos acima do verificado no ano passado (75,8%).
A previsão é que em 2022 a dívida ultrapasse 100% do PIB, mas a marca pode ser antecipada para este ano caso o desempenho da economia piore ainda mais.
A IFI projeta uma queda de 6,5% no PIB este ano, mas o tombo pode chegar a 10,2% em um cenário mais pessimista.
Já em 2021, o crescimento deve ser de 2,5%, insuficiente para recuperar a economia integralmente após o baque provocado pelo novo coronavírus.
A estimativa da IFI é que o país retome o patamar pré-crise apenas em 2023.
Com um cenário fiscal “cada vez pior”, o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, afirma que a atuação do governo precisa ser “intensa e eficiente”.
A taxa de desemprego deve alcançar 14,2% no fim de 2020. No ano passado, a taxa média de desocupação no Brasil ficou em 11,9%, segundo o IBGE.
Com informações do Estadão Conteúdo