Os cartões de crédito poderão ter um limite de 12 parcelas sem juros. Esta é a proposta apresentada pelo Banco Central, que foi apresentada pelo presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, em reunião na segunda-feira 16.
O encontro teve a participação de instituições financeiras e do comércio, em busca de um acordo entre os setores.
O tema foi um novo modelo para o rotativo do cartão de crédito. O limite ao parcelamento sem juros no cartão teria impacto sobre essa modalidade.
Para Campos Neto, uma limitação no parcelamento sem juros a 12 meses seria um caminho para reduzir o risco de inadimplência.
Porém, a medida poderia afetar setores como os de materiais de construção e eletrodomésticos, que oferecem parcelamentos mais longos sem incidência de juros.
Atualmente, não há uma limitação de parcelas para o pagamento sem juros no cartão, o que é apontado com uma das causas das altas taxas e a elevada inadimplência nesse tipo de crédito, que é cada vez mais usado no país.
Segundo Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, uma nova reunião foi marcada para daqui a duas semanas.
Campos Neto prometeu apresentar números com base no limite de 12 parcelas sem juros.
Rotativo do cartão de crédito
Propostas para reduzir os juros altos do rotativo do cartão de crédito criou um impasse e divide vários setores.
O rotativo do cartão de crédito é uma linha de crédito pré-aprovada no cartão. Ela é acionada por quem não pode pagar o valor total da fatura na data de vencimento.
Segundo especialistas, o rotativo do cartão é a linha de crédito mais cara do mercado e deve ser evitada.
Juros
O Congresso aprovou a Lei do Desenrola – programa de negociação de dívida – com um artigo dando um prazo de 90 dias para uma autorregulação do setor.
Se não houver uma definição no prazo, a lei prevê um teto para os juros cobrados, que não poderão superar 100% do valor original da dívida.
Na reunião, o presidente do Banco Central pediu aos participantes que fizessem simulações dos possíveis impactos da limitação do número de prestações em seus respectivos negócios.
A proposta de Campos Neto é que o limite de 12 parcelas seria imediato, combinado com uma diminuição gradativa das taxas de juros do rotativo e a limitação da tarifa de intercâmbio dos cartões de crédito.
Maquininhas
Outra proposta do Banco Central seria um teto para a tarifa cobrada no uso das “maquininhas”, em uma tentativa de baixar os juros do crédito rotativo.
Empresas de maquininhas de cartão e setores do comércio argumentam que que limites ao parcelado derrubariam as vendas, afetando pequenos e médios comerciantes.
De acordo com os bancos, o uso do parcelado é incentivado pelas empresas de maquininhas, que oferecem pagamento antecipado aos varejistas em troca de taxas de desconto.
Dessa forma, segundo os bancos, as instituições financeiras têm de subir os juros no rotativo para compensar a falta de cobrança de taxa em longos parcelamentos.