Um estudo da consultoria Tendências, divulgado neste domingo, 23, pela Folha de S.Paulo, mostra que a renda total das classes mais ricas (A e B) deve subir mais que o dobro em relação à renda das camadas mais pobres (D e E) no governo Lula. Segundo a projeção, a classe C teria um aumento intermediário nos rendimentos nestes quatro anos.
Com as classes A e B se beneficiando mais da recuperação econômica, a tendência seria de ampliação das desigualdades sociais, ao contrário do que prometeu o presidente na campanha eleitoral.
Não há critérios oficiais para estratificar a sociedade conforme a renda. A Tendências delimita as classes D e E como as famílias com renda domiciliar de até R$ 3,2 mil; na C, quem ganha até R$ 7,6 mil; e, acima disso, são as classes A e B.
Analista de macroeconomia da Tendências, Lucas Assis afirma que neste ano, os mais pobres, em razão do reforço dos programas sociais, como o Bolsa Família, que fez o teto de gastos extrapolar R$ 145 bilhões, terão crescimento da renda de 6,4%, semelhante às classes A e B (6%). Já para a classe C, o crescimento esperado da renda é de apenas 2,2%.
Porém, a partir de 2024, a situação será diferente. “A mobilidade social daqui para a frente se dará em ritmo reduzido, num fenômeno típico de países com alta desigualdade”, disse Assis à Folha. “Enquanto há lenta migração para a classe média, as classes mais altas liderarão a retomada e o crescimento da renda.”
Apesar do ritmo mais lento, no entanto, a consultoria não projeta queda de renda em nenhuma das classes nos próximos anos. “Nas classes A e B há também concentração de funcionários públicos, em que a dinâmica da economia pouco interfere, pois eles têm estabilidade”, disse o analista.
A consultoria lembra que Lula, nos primeiros mandatos, foi beneficiado com o cenário internacional, já que a economia mundial teve o maior crescimento sincronizado desde a Segunda Guerra, e a economia da China aumentou entre 10% e 12% ao ano, causando um boom nos preços das commodities que o Brasil exporta. Naquela época, Lula também herdou as contas públicas com superávit primário de Fernando Henrique Cardoso.
Agora, a economia global não anda bem e Dilma Rousseff deixou um rombo fiscal em 2014 do qual o Brasil somente começou a se recuperar no ano passado, quando o país fechou as contas sem déficit, depois dos gastos excessivos com a pandemia de covid-19.
Por isso, segundo Marcelo Neri, diretor da FGV Social, também entrevistado pela Folha, “o ano que vem será de muita incerteza fiscal” e será muito difícil que a renda das classes D e E siga crescendo.
Será que as classes C e D vão um dia se dar conta da burrada que fizeram colocando um descondenado na presidência ?