Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, nesta quarta-feira, 18, subir a taxa básica de juros da economia para 10,75% ao ano.
Especialistas consultados por Oeste avaliam que o comunicado da autarquia reafirma compromisso com meta de inflação e reforça busca do colegiado por recuperação da credibilidade.
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O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, afirma que, apesar de a decisão já ser amplamente esperada, a unanimidade entre os membros do Copom deve ser bem recebida pelo mercado.
“Mais importante ainda foi o tom dado no comunicado, ao reconhecer no balanço de riscos todas as preocupações presentes entre analistas e agentes econômicos”, diz Igliori. “Mesmo sem o chamado forward guidance [orientação futura], a meu ver, o Copom não quis deixar dúvidas de que farão o que for necessário para trazer a inflação para a meta.”
“O movimento de hoje deve contribuir para o processo de recuperação da credibilidade do colegiado”, acrescenta o especialista.
O economista e sócio da Matriz Asset Management, Luiz Rogé, diz que o tom do comunicado foi mais realista e hawkish [contracionista], especialmente por mencionar o início de um novo ciclo de aperto monetário.
“A tendência é que virão mais aumentos na taxa de juros nas próximas reuniões”, avalia. “Isso o BC vai graduar, ou vai fazer a gradação de quanto vai aumentar e em que frequência, dependendo dos dados.”
“Os pontos apontados por eles, em razão da alta da taxa, são basicamente os mesmos do comunicado anterior, com a diferença bastante clara de que está, sim, havendo uma assimetria positiva para o lado da inflação, entre a probabilidade de alta da inflação e de baixa dela”, afirma.
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Já o economista da Rio Bravo José Alfaix, destaca a assimetria do balanço de riscos para os cenários futuros de inflação.
“A atividade vem surpreendendo de maneira constante, com as transferências do governo injetando liquidez na economia e fomentando a resiliência do consumo, que vem dificultando a tarefa do Banco Central”, observa.
Para Alfaix, o Copom foi coerente no comunicado e endereçou os desafios para a retomada da trajetória da inflação em direção à meta, fixada em 3%.
“Com os EUA em ciclo de queda de juros, e o BC comprometido em combater a evolução da inflação, resta saber se essa tarefa será auxiliada por uma melhora no quadro doméstico, onde as questões fiscais têm impedido o mercado de absorver os efeitos positivos em sua dimensão total”, conclui.
Juros favorecem investimentos em renda fixa
No âmbito dos investimentos, a especialista em finanças presidente da franquia de consultoria Invest4U, Jenni Almeida, afirma que a alta nos juros beneficia quem investe em títulos atrelados à renda fixa, como o Tesouro Direto.
“É fundamental, neste momento, revisarmos nosso planejamento financeiro para garantir que o dinheiro continue trabalhando a nosso favor”, afirma.
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Ela destaca ainda que o corte de 0,50 ponto porcentual nos juros norte-americanos pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), pode representar uma oportunidade para o Brasil.
“Com a queda dos juros lá fora, investidores internacionais tendem a buscar mercados emergentes, como o nosso, em busca de melhores retornos”, diz. “Isso pode fortalecer o real e atrair capital estrangeiro, o que é positivo. No entanto, é sempre importante equilibrar essas oportunidades com uma boa estratégia de proteção do patrimônio.”