O fenômeno climático El Niño, com previsão para chegar ao Brasil ainda neste mês, poderá gerar impactos na economia global. Consequentemente, ele também pode afetar o cenário nacional.
O El Niño surge no Oceano Pacífico e é ocasionado por um aquecimento irregular das águas oceânicas na região. Dessa forma, ele afeta o clima em diversos locais do mundo.
Geralmente, as águas quentes se encontram restringidas à porção do Pacífico Ocidental, por causa dos ventos direcionados de leste a oeste com sentido à Austrália e Indonésia. Porém, com a ocorrência do El Niño, esses ventos são menos intensos e podem inverter seu curso. Dessa forma, as águas quentes se encaminham ao leste rumo a América do Sul.
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Ainda não há uma resposta exata sobre as causas do fenômeno, mas tal aceleração pode se estender durante semanas ou meses.
Impacto do El Niño na economia
Diante deste cenário, o professor de finanças Luciano Bittencourt, da Faculdade Anhanguera, indica que as alterações climáticas do El Ninõ induzem uma instabilidade nas atividades agropecuárias. O setor é um dos principais pilares da economia brasileira.
A partir de tal desequilíbrio, há uma queda na produção. Consequentemente, os preços dos alimentos são inflacionados, o que acaba afetando o comércio e o abastecimento até em níveis internacionais.
“Com o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, na região equatorial, um dos impactos é a diminuição da produção de commodities e da pesca em países como Chile, Colômbia e Peru, gerando um aumento de preços e, consequentemente, na inflação mundial”, diz o professor. “Já nas regiões sul e sudeste da Ásia, poderemos ter a queda na produção de frutas, arroz, trigo e amendoim, e na Indonésia, prejudicando as plantações do milho, arroz, batata-doce, mandioca, chá, café e tabaco”, destaca o professor de finanças.
Em âmbito mundial, o professor prevê que a Oceania também pode sofrer abalos na agricultura. Nas ilhas localizadas na região central do Pacífico, a previsão do tempo indica um aumento de chuvas. E isso pode prejudicar principalmente o turismo, atividade que proporciona grande renda aos países da região.
Na economia brasileira, o especialista explica que o El Niño pode desencadear efeitos tanto positivos quanto negativos. Nesse sentido, Bittencourt apresenta um prognóstico em relação a prováveis impactos do fenômeno em cada uma das regiões do país.
“O Norte e o Nordeste podem registrar redução nas precipitações, prejudicando a agricultura e aumento da seca em algumas áreas”, comenta o professor. “O Centro-Oeste passa a ter irregularidade nas chuvas, onde ocorrem aumento nas queimadas, incertezas na agricultura e no agronegócio, gerando aumento de preços.”
“O Sudeste terá aumento nas temperaturas e uma precipitação chuvosa maior, ajudando numa melhor colheita, apesar de ser a entressafra da cana de açúcar, terão melhores pastos, com isso um aumento na produção de carne, leite e seus derivados”, prossegue o professor, indicando, assim, que o agronegócio sudestino não deve sofrer com o El Niño em 2023. “O Sul passa a ter mais abundância nas chuvas, além de aumento na temperatura, o que poderá prejudicar o desenvolvimento da safra de inverno, especialmente no fim do ciclo e durante a colheita, além de possivelmente atrasar o início da safra de verão.”
De acordo com a empresa de meteorologia Climatempo, as sequelas causadas pelo El Niño poderão ser sentidas no Brasil a partir de agosto.
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