Segundo o professor e colunista da Bloomberg Tyler Cowen, a crise que vivemos é muito similar a da Segunda Guerra Mundial
O colapso da economia mundial causado pelo coronavírus está levando a muitas comparações com as crises mais recentes, como a de 2008, mas, na verdade, essa crise tem mais em comum o que o ocorreu na Segunda Guerra Mundial.
Durante o conflito, uma porção expressiva da economia foi redirecionada para o esforço de guerra. Para enfrentar o coronavírus, uma parte relevante da economia teve que se adaptar com as pessoas ficando em casa. Segundo o professor da Universidade George Mason e colunista da Bloomberg Tyler Cowen, o efeito econômico é bastante similar.
O PIB americano cresceu de forma robusta durante a Segunda Guerra, tanques, armas e suprimentos médicos foram produzidos como nunca antes, ainda mais se comparado aos anos da Grande Depressão. Porém, esses números não são bem entendidos. Há dados que mostram que existiam poucos produtos e serviços disponíveis, com muitas pessoas sentindo um senso de privação, algo que muitos americanos sentem agora.
Muito disso acontece com a perda da qualidade do que é oferecido. Na guerra, o apresuntado substituiu o filé. Hoje em dia, aulas de Yoga pela internet estão substituindo idas à academia.
Há inúmeras previsões sobre a economia, alguns falando de quedas assustadoras de mais de 20%. Isso com toda a certeza não é um bom sinal, mas esses números não representam completamente o que está acontecendo.
Para Cowen, uma boa notícia é que a economia deve começar a se recuperar rapidamente quando as incertezas geradas pelo coronavírus forem embora, algo similar ao que ocorreu após a Segunda Guerra. Uma demanda reprimida por bens de consumo duráveis irá acontecer. Isso não se sucederá em todos os setores, como no do serviços, que deve apresentar uma longa recessão.
Uma diferença fundamental entre os dois momentos, é que em uma guerra as pessoas sabem que a situação vai demorar e acabam tomando medidas para se cuidar, assim como o Estado. Utilizar grande parte dos recursos econômicos no esforço de guera é um motor importante para que setores problemáticos se mantenham na crise.
Mas hoje em dia não sabemos quando a situação vai retornar ao normal. Será que é válido uma política para ajudar um pequeno restaurante a se manter, sendo que uma segunda e uma terceira onda da pandemia pode tornar essa recuperação impossível? Nesse caso, não seria seria melhor os funcionários desses restaurantes virarem entregadores da Amazon, por exemplo?
Claro que o tamanho da recessão só pode ser estimado, e não sabemos se essas estimativas são precisas o suficiente. Segundo o professor da Universidade George Mason, “todos estamos ainda no escuro”.