Horácio Lafer Piva, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entre 1998 e 2004, criticou a condução da política econômica pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em entrevista à Folha de S. Paulo.
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Ele afirmou que Haddad adota uma abordagem que chamou de “negacionismo econômico”, que se distancia dos princípios econômicos fundamentais. “A verdade é que nós estamos diante de um enorme constrangimento fiscal”, mencionou em um dos trechos, em relação aos gastos do governo.
Piva, que é economista e pós-graduado em administração de empresas pela FGV, destacou a ausência de um plano estratégico claro por parte do governo, o que, segundo ele, gera incertezas no ambiente de negócios e prejudica a confiança de investidores.
Entre os principais pontos abordados, Piva questionou a condução da reforma tributária, afirmando que faltam clareza e previsibilidade em relação aos impactos para o setor produtivo.
Haddad, segundo Piva, está sendo “atropelado”, junto com a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS), e acabam adotando um discurso governista, o que preocupa, segundo ele.
Ele alertou para os riscos associados a decisões que, na opinião de Piva, parecem atender mais a interesses políticos do que a uma estratégia econômica robusta.
“Brasília parece que, às vezes, não vive no Brasil”, destacou o ex-presidente da Fiesp. “E o Congresso, com tudo que está fazendo… estamos com a reforma tributária, que partiu com boas intenções, boas referências, mas está sendo engolida por interesses e lobbies da pior qualidade. São lobbies empresariais e do governo. Está desidratada, o arcabouço fiscal, desidratados. Está regulamentada, mas ela está machucada.”
O economista também mencionou que a busca por equilíbrio fiscal está sendo conduzida de forma desconexa, sem uma articulação clara dentro da equipe econômica.
Crítica do ex-presidente da Fiesp a políticas populistas
Lafer Piva, atual presidente do Conselho da Klabin S.A, é filho do ex-senador Pedro Piva (PSDB), suplente, e de Sylvia Salles Lafer. È neto, pelo lado materno, do deputado federal, ex-ministro das Relações Exteriores e ex-ministro da Fazenda Horácio Lafer.
Ele ressaltou, na entrevista, que a falta de diálogo do governo com o setor que realiza investimentos produtivos é prejudicial.
“Existem formas de se estabelecer um relacionamento com o setor financeiro, que não são só os bancos, ao contrário, são os fundos”, ressaltou o ex-comandante da Fiesp. “É preciso haver um novo espaço de interlocução entre governo e todo esse pessoal.”
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Para Piva, a adoção de políticas populistas e de curto prazo pode levar a impactos negativos significativos na economia brasileira, colocando em risco a capacidade de o país se recuperar e crescer de forma consistente. Ele considera que a reforma tributária foi desidratada por lobbies, que definiu como empresariais e do governo.
“Estou preocupado, estou vendo uma piora do cenário, uma piora do humor, não obstante as declarações que o presidente faz”, ressaltou no fim da entrevista. “Eu vejo as empresas optando mais por redução de dívida do que por investimentos.”