Trabalhadores portuários de 36 portos nas costas leste e do Golfo dos Estados Unidos começaram uma greve nesta terça-feira, 1º. Esta é a primeira grande paralisação em quase 50 anos, o que congelou boa parte do comércio internacional do país.
A greve foi organizada pela Associação Internacional dos Estivadores (ILA, na sigla em inglês), que representa cerca de 45 mil trabalhadores. A entidade negociava aumentos salariais, benefícios e questões de segurança no trabalho com seus empregadores.
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A paralisação impacta diretamente algumas das rotas comerciais mais movimentadas dos Estados Unidos, o que inclui os portos de Nova York, Nova Jersey, Virgínia, Geórgia e Texas. Juntos, estes portos são responsáveis por cerca de 60% das operações de contêineres do país.
A principal demanda dos trabalhadores está relacionada ao aumento salarial. Segundo a ILA, a inflação corroeu os aumentos conquistados no último acordo trabalhista, e os empregados buscam uma elevação de US$ 5 por hora ao longo dos próximos seis anos, o que representaria um aumento total de 77%.
Além disso, a crescente automação nos portos é outro ponto discutido, já que os trabalhadores temem que o uso de novas tecnologias possa reduzir postos de trabalho.
Em resposta, a United States Maritime Alliance, entidade que representa os operadores portuários, afirmou que já havia proposto um aumento salarial de quase 50% ao longo do novo contrato. No entanto, as partes não chegaram a um consenso, o que causou a greve.
Greve pode prejudicar a economia
A paralisação já provoca incertezas no setor econômico. Especialistas afirmam que, se a paralisação durar poucos dias, os impactos poderão ser controlados, mas uma interrupção prolongada pode resultar em desabastecimento, aumento de preços e até demissões em setores dependentes do comércio marítimo.
Rick Cotton, diretor executivo da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, afirmou que cerca de 100 mil contêineres já estão retidos nos portos e que mais de 30 navios deverão aguardar ancorados ao longo da semana.
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No entanto, ele tranquilizou os consumidores ao afirmar que não são esperados grandes problemas com alimentos e medicamentos.
A paralisação acontece em um momento delicado para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a cinco semanas das eleições nacionais. Embora tenha declarado anteriormente que não usaria o Ato Taft-Hartley, uma lei federal que permite ao governo intervir em greves que possam prejudicar a economia, o presidente pode rever sua posição caso a paralisação cause danos significativos.
Enquanto isso, o setor empresarial, principalmente importadores de produtos perecíveis como frutas, já sente os efeitos da greve. Daniel J. Barabino, diretor de uma distribuidora de frutas em Nova York, alertou que poderá ficar sem bananas até o final da semana se a greve continuar. “Não há alternativa viável para transportar essas mercadorias”, concluiu.
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