Alvo da Operação Lava Jato, a JBS anunciou, na terça-feira 14, os resultados financeiros do primeiro trimestre deste ano. A companhia fechou com R$ 1,6 bilhão de lucro líquido. O desempenho reverte o prejuízo de R$ 1,45 bilhão registrado no mesmo período de 2023.
A empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista atribui os resultados positivos à redução nos custos dos grãos, ao equilíbrio entre oferta e demanda e ao ramp-up operacional de suas novas unidades.
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Em relação ao balanço, a receita líquida da JBS foi de R$ 89 bilhões, um aumento de 3% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – alcançou R$ 6,4 bilhões, uma alta de 25,9% em relação ao trimestre anterior.
“A JBS apresentou resultados sólidos no primeiro trimestre de 2024”, afirmou Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS. “São números que reforçam que estamos no caminho da recuperação, como vínhamos indicando nos últimos trimestres”.
Avicultura em alta
A empresa destacou o desempenho do setor de aves, que registrou aumento nas vendas devido à forte demanda e a custos reduzidos. Além disso, o preço favorável dos grãos, o que beneficiou tanto a Seara quanto a Pilgrim’s Pride.
No mercado brasileiro, a categoria de frango in natura cresceu 25% nos três primeiros meses do ano em comparação ao mesmo período de 2023. Em relação à carne bovina, a JBS observou uma fase favorável no Brasil e na Austrália, embora tenha identificado desafios no ciclo pecuário dos Estados Unidos, com uma leve melhora no trimestre.
Análise de negócios
No primeiro trimestre de 2024, a Seara apresentou uma receita líquida de R$ 10,3 bilhões, estável em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda da Seara foi de R$ 1,2 bilhão, um aumento impressionante de 711% em comparação ao mesmo período do ano passado. A margem ajustada foi de 11,6%, um crescimento de 10,1 pontos porcentuais.
“Mesmo com preços e volumes estáveis no mercado, a marca entregou desempenho a partir das diversas ações implementadas ao longo do ano passado, que resultaram em melhores indicadores operacionais”, declarou a JBS.
A JBS Brasil registrou uma receita líquida de R$ 14,2 bilhões, um aumento de 17% em relação a 2023. O Ebitda para o primeiro trimestre de 2024 subiu 117% em comparação ao mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 643 milhões, com uma margem ajustada de 4,5%, um incremento de 2,1 pontos porcentuais.
A empresa atribui esses resultados ao maior volume de vendas. No segmento de carne bovina in natura, a receita cresceu 11% no mercado interno e 60% no mercado internacional no primeiro trimestre de 2024, em comparação anual.
“A Companhia manteve seu foco na execução comercial, ampliou e melhorou o nível de serviço nos parceiros do programa Friboi+, aproximou as marcas Friboi e Swift dos consumidores e aprimorou a oferta de produtos de maior valor agregado”, acrescentou a JBS.
JBS tenta evitar multa da Lava Jato
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, em dezembro de 2023, o pagamento da multa R$ 10 bilhões da J&F, que confessou corrupção durante as investigações da Operação Lava Jato.
Sob críticas de inação e inércia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recorreu da decisão de Toffoli, em fevereiro. O PGR, Paulo Gonet, observou que o acordo de leniência da J&F não foi fechado pelos procuradores que atuaram na força-tarefa da Lava Jato, tampouco firmado com a força-tarefa de Curitiba. Por isso, o caso não deveria ter sido distribuído a Toffoli, mas a outro ministro.
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Todo o imbróglio jurídico que envolve a família Batista trouxe repercussões negativas para a empresa no exterior. Políticos e lobistas ingleses e norte-americanos levantaram movimentos para boicotar a venda de papéis do gigante brasileiro no mercado internacional.
Eles acusam a multinacional de envolvimento em casos de corrupção. No Brasil, em juízo, a empresa se declarou culpada “por violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos Estados Unidos”, em 2020. Ainda assim, não para de prosperar em seu país.
As manobras da JBS para avançar no mercado estão na reportagem especial “Lá não tem Toffoli”, de Myllena Valença, disponível na edição 209 da Revista Oeste.