O ex-youtuber Jake Paul, 27 anos, nem tinha nascido quando seu adversário na luta desta sexta-feira, 15, Mike Tyson espantou o mundo com a fúria de seus socos. Tyson havia, em 1986, conquistado o título mundial dos pesos-pesados diante do jamaicano Trevor Berbick (1954 – 2006), 22 anos, com um nocaute técnico avassalador no segundo assalto. Tinha 20 anos e foi o mais novo campeão mundial da categoria. Tornou-se, rapidamente, uma lenda.
Quase 38 anos depois, flashes daqueles anos estiveram presentes na atmosfera do AT&T Stadium, localizado em Arlington, Texas. O ímpeto inicial de Tyson, aos 58 anos, lembrou o do jovem boxeador faminto por vitórias. Inspirado nos conceitos de seu antigo treinador, Cus D’Amato (1908 – 1985), presentes no então treinador de Tyson, Kevin Rooney (1956).
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Mas a passagem do tempo falou mais alto. Na vida e no ringue. Jake Paul veio ao mundo ainda depois da derrocada de Tyson na luta contra Buster Douglas, em 1990. E, conhecedor da história, cumpriu seu plano de não repetir o que o lendário Berbick fez.
Manteve-se de pé no início. Assim, o vigor de sua juventude foi prevalecendo. Até ele terminar a luta como vencedor, por pontos.
Os valores da premiação, em função do interesse despertado pelo evento, também recolocaram o boxe como um dos expoentes do mercado no esporte. Especialistas estimam que Tyson recebeu US$ 20 milhões (cerca de R$ 115,4 milhões) pelo confronto.
Conhecido como Iron Mike, Tyson acumulou uma considerável riqueza ao longo de sua carreira gloriosa no boxe, graças a prêmios milionários e contratos de patrocínio. Segundo o The New York Times, sua fortuna chegou a US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) em seu auge.
Vida turbulenta de Mike Tyson
Mike Tyson foi preso em 1992 depois de ser condenado por estupro. A vítima, Desiree Washington, então com 18 anos e concorrente ao título de Miss América Negra, o acusou de tê-la atacado em 19 de julho de 1991, na suíte 606 do Canterbury Hotel, em Indianápolis.
O julgamento recebeu ampla cobertura da mídia. Tyson afirmou que a relação foi consensual, mas o júri o considerou culpado. Ele foi sentenciado a seis anos de prisão e quatro de liberdade condicional. Cumpriu três anos de sua sentença antes de ser libertado por bom comportamento.
Durante sua reclusão, Tyson se converteu ao islamismo e adotou o nome de Malek Abdul Aziz. Ele também passou a estudar filosofia e história. Depois que deixou a prisão, retomou a carreira no boxe, tentando em vão recuperar o desempenho que tinha antes do incidente. Porém, em 2003, Tyson declarou falência, atribuindo a situação ao estilo de vida luxuoso e turbulento que levava na época.
Antes da luta contra Jake Paul, no entanto, era como se toda esta história não tivesse acontecido. Tyson se preparou como no começo da carreira. Treinou sério. Empolgou seus fãs com imagens de treinos intensos viralizando nas redes sociais.
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Era como se tudo estivesse começando de novo. No olhar de Tyson, no canto do ringue, reluziam o mesmo furor e a esperança do jovem que o levaram a derrotar Berbick e se tornar campeão mundial pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), em 1986.
Depois, ele ainda foi campeão da Associação Mundial de Boxe (WBA) e da Federação Internacional de Boxe (IBF), em 1987.
A mão da realidade
Com Tyson no corner, dando pulinhos e se aquecendo, veio à memória de quem viveu aquele momento a apresentação de Michael Buffer, com seu eloquente “Let´s get ready to the rumble…” E com a entonação do nome de Tyson caindo para um grave, suave e macabro “Mike Tyyysooon…” A sensação de frio na barriga foi a mesma.
A emoção na narração de Luciano do Valle parecia de alguma maneira estar presente. A voz fanha do célebre árbitro Mills Lane parecia ressoar no estádio. Assim como o olhar atônito de Berbick.
O início de Tyson, com golpes na sequência, remetia à aquele lutador implacável. Com um estilo de Joe Frazier (1944 – 2011), grande oponente de Muhammad Ali (1942 – 2016), aprimorado. Mãos próximas encostadas na cabeça baixa, para encurtar a distância e bombardear o oponente com golpes rápidos.
Luciano do Valle, Trevor Berbick e Mills Lane já não estão entre nós. Buffer, aos 80 anos, foi substituído pelo eficiente Kody “Big Mo” Mommaerts, de 29 anos e ex-jogador de futebol. O correr dos anos também é implacável. Jake, inteligente e atualizado, sabia disso.
Nem assim, Tyson se rendeu à mão pesada da realidade. Mostrou, de outra maneira, aquele mesmo ímpeto, conforme a luta foi se estendendo até o fim, no oitavo round. E, senhor de si, saiu do combate US$ 20 milhões mais rico. Uma quantia para jovem nenhum botar defeito.
Certamente foi o Saco de Pancada mais bem pago do mundo. KKKKKKKKKKKKKKKKKK. Aceito lutar contra esse cara por U$ 500.000,00 KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
O tempo não perdoa
O tempo não perdoa
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