No entanto, presidente da companhia brasileira afirma que ela pode sobreviver mesmo se barril de petróleo chegar a US$ 15
A Petrobras pode atravessar a atual crise econômica mundial ainda que o preço do barril do petróleo caia a US$ 15. A afirmação é do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, que participou de coletiva de imprensa pela internet nesta sexta-feira. Segundo ele, pelos próximos meses o cenário será de dificuldades. Ontem, a companhia divulgou os resultados financeiros do primeiro trimestre do ano, que apontaram um prejuízo de R$ 48,5 bilhões.
“Traçamos vários cenários. O mais provável é o de recuperação lenta, de recessão profunda. Há vários fatores que contribuem para isso. O desemprego em massa, que está acontecendo no mundo, o aumento rápido da alavancagem financeira de famílias, empresas e governos. As incertezas geradas pela própria covid-19, que desaparecerão somente quando se tiver uma vacina. Existe sempre a probabilidade de haver uma segunda onda, tal como aconteceu com a gripe espanhola, e isso limita a atividade econômica”, avaliou o executivo.
De acordo com Castello Branco, o período de confinamento social imposto a quase todos os países vai gerar mudanças de comportamento profundas, o que acabará impactando, direta ou indiretamente, nos resultados da Petrobras.
“Adicionalmente, temos de considerar que esse período de confinamento que as pessoas estão passando, em vários países, contribuirá para mudanças de hábito. As empresas precisarão de menos viagens, de menos áreas de escritório. E não podemos deixar de considerar a tendência anterior, que era de estímulos a inovações para a substituição de combustíveis fósseis no mundo”, destacou.
Para o presidente da Petrobras, essas mudanças poderão levar o mercado a trabalhar com valores ainda menores do barril de petróleo. A média praticada atualmente é de US$ 32 para o barril do tipo Brent.
“A Petrobras pode sobreviver hoje com preços de petróleo tão baixos como US$ 15. Temos musculatura para fazer isso, temos caixa, temos custos baixos. Mas queremos gerar muito mais valor”, ressaltou o executivo.
Castello Branco foi questionado sobre o planejamento da venda de refinarias e disse que, até o momento, não houve nenhuma desistência por parte dos potenciais compradores. “Nenhum interessado veio a nós dizer que estava desistindo. E estamos confiantes que, pelo menos até o fim do ano, alguns acordos de compra e venda sejam fechados, ficando a conclusão da transação para 2021”, adiantou.
Segundo o executivo, não houve nenhuma mudança no plano estratégico da Petrobras. Ele fez questão de dizer que não ocorrerão demissões em massa na companhia.
“Quero reafirmar que demissões em massa não existiram, não existem e não existirão. Não houve hibernação de campos terrestres, outra mentira que vem sendo divulgada”, concluiu.