A partir de novembro, transformação digital terá início para o público e promete acirrar a concorrência no setor
Desde o final do mês de agosto, grandes bancos como Santander e fintechs como o NuBank, por exemplo, passaram a oferecer aos clientes a oportunidade de assinar virtualmente contratos para ter acesso ao PIX e ao novo universo do open banking. O problema é que nenhuma das empresas se preocupou com uma questão básica: o significado dos dois termos para os clientes que, inseguros, podem acabar sem saber se assinam ou não os documentos enviados. E com razão.
Os dois serviços são o sustentáculo da transformação digital pela qual os bancos passarão nos próximos anos.
Open banking
O open banking torna obrigatório o compartilhamento de dados de clientes e serviços entre as instituições, com a integração de plataformas feita de forma padronizada.
“Na primeira fase, as instituições vão ter de compartilhar seus serviços, juros, essas coisas”, explica o diretor de negócios da Mandic Cloud, Moisés Cunha, em webinar realizado nesta quinta-feira, 17.
O cliente precisa aprovar e informar que seus dados e serviços podem ser divididos com outros bancos.
Com isso, o Banco Central (BC) acredita que quem tem conta, passará a receber propostas de concorrentes, o que tornará o mercado mais competitivo e atrativo a investidores.
Uma plataforma única deverá integrar as informações dos usuários espalhadas por todas as instituições financeiras quando o projeto de open banking estiver totalmente implementado no país.
“Com um sistema aberto e transparente, os cidadãos vão poder acessar seus dados e histórico financeiro, hoje mantidos pelos grandes bancos, e compartilhar com qualquer empresa regulada pelo BC se assim desejar”, pontuou o CEO e cofundador da PagBrasil, Ralf Germer, ao InfoChannel.
O BC acredita que, com isso, 40 milhões de brasileiros que ainda não têm conta em nenhum lugar, serão estimulados a buscar uma instituição bancária. Isso poderia gerar, até 2025, de acordo com a fintech alt.bank um movimento de R$ 400 bilhões anuais na economia e um crescimento de 5,5 pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Entretanto, o serviço só deve começar a operar no ano que vem.
PIX
“É uma solução que tem o potencial de mudar o mercado”, analisa o diretor de Finanças e Relações Institucionais do Banrisul, Marcus Staffen.
Sigla para sistema de pagamento instantâneo, o PIX se diferencia dos outros sistemas de transferência bancários, como o DOC e o TED, por fazer com que o dinheiro saia na mesma hora da conta do usuário e já caia no mesmo momento na a conta do destinatário. Além disso, ele vai funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, o que não ocorre com os métodos atuais.
O novo sistema deve movimentar, de acordo com informações divulgadas pelo BC, R$ 16 trilhões anualmente e concorrerá diretamente com ferramentas como o PicPay, o Mercado Pago e o WhatsApp (quando o aplicativo conseguir aprovação no Brasil).
“O PIX acaba com aquele monte de dados que eram necessários para se fazer uma transferência”, destaca o diretor da Mandic. “Basta passar uma chave de usuário, que pode ser o CPF, um e-mail ou um telefone, por exemplo e o pagamento é feito.”
Apesar de só começar a ter movimentações em novembro, o Banco Central adiantou para outubro o envio dos registros das chaves de endereçamento. Assim, quem quiser usar o serviço já pode se cadastrar e dizer como quer ser identificado.
Todas as instituições financeiras com mais de 500 mil contas cadastradas foram obrigadas a aderir ao serviço, mas, no total, até o final de julho, apenas 980 tinham pedido para participar.
PIX também poderá substituir boletos e a maquininha do cartão
O PIX terá um custo de R$ 0,01 a cada dez transações para o recebedor. Hoje, o TED e o DOC não saem por menos de R$ 1 para os bancos, que chegam a cobrar R$ 10 do cliente. Ou seja, é provável que as transferências tradicionais sejam extintas.
“Não é todo lugar que aceita transferência hoje e os boletos são muito antigos”, constata Cunha. “A pior experiência é a do boleto, porque segura o estoque de quem vende e causa ansiedade em quem compra, porque o pagamento demora para ser confirmado.”
Os boletos de cobrança também podem ser substituídos, o que também tiraria dinheiro das instituições financeiras, que hoje recebem por eles.
Por fim, até mesmo as empresas de maquininhas de cartões podem sair perdendo, pois, se o consumidor se acostumar a fazer as transações com o PIX direto do smartphone, elas podem cair em desuso rapidamente.
Segurança
Entretanto, como em todos os novos processos, a transformação digital dos bancos ainda esbarra em problemas. O principal deles: a segurança.
Primeiro, porque o open banking distribui dados bancários entre diversas instituições. Portanto, se apenas uma delas tiver um vazamento indevido de dados, milhões de clientes podem ser afetados de uma só vez.
Depois, porque com o PIX, a transferência de dinheiro fica tão rápida e fácil que dificilmente os brasileiros, que já andam com pouco dinheiro em papel-moeda no bolso, vão querer voltar a usá-lo. Contudo, será preciso atenção redobrada do usuário para não cair em fraudes e golpes virtuais. Como cada cliente terá um código próprio para receber e enviar dinheiro, o método também pode ser utilizado por ladrões e estelionatários. Basta eles pedirem para a vítima escanear o código do próprio celular com o PIX e o mal está feito. Ainda que já se preveja a reversão de compras pelo sistema, o susto e o medo da situação serão reais.
O caminho ainda é longo, porém, num futuro próximo, já é possível prever não apenas o open banking, mas sim o open finance no Brasil. Basta que o país siga firme na implementação das inovações tecnológicas.
Essa assinatura de documentos precisa ser esclarecida. No Santander não há essa exigência para a plataforma Pix do Banco.
Acredito que a assinatura seja a confirmação digital, pois para aderir ao serviço é necessário logar no app do banco com a sua senha ou digital, e aceitar os termos,simples assim.
Que venha logo o PIX. Pagar dez reais por um simples TED/DOC, embora você seja correntista do banco, é enfiar a mão no bolso do cliente, sem sua permissão.
Pra isso o mercado vai ter que naturalmente com o tempo reduzir o preço dos serviços de internet, telefone, luz e etc. Não dá pra achar que todo mundo terá condições, ainda mais quando se trata de Brasil que tem um povo pobre.
Boa matéria. Esclarecedora!
Este é um caminho sem volta.