Desde o início do ano, a moeda brasileira é a que mais cai no mundo
A moeda norte-americana opera em alta de 3,7% nesta segunda-feira, 9, em dia de forte tensão nos mercados por causa da “guerra do petróleo” entre a Rússia e a Arábia Saudita. O tombo no preço da commoditie se dá, também, pelas tensões com o avanço do novo Coronavírus (Covid-9) no mundo.
Desde o início do ano, a moeda brasileira é a que mais cai no mundo. Ao fim de 2019, o Real perdeu 19,4% de valor frente ao dólar.
No início desta manhã, o Banco Central (Bacen) cancelou o leilão de até US$ 1 bilhão em swaps (recurso usado pelas empresas para não se exporem ao risco cambial). Em troca, anunciou outro leilão do mesmo tipo, mas com oferta de até US$ 3 bilhões.
Portanto, ao leiloar os dólares, o Bacen está injetando diretamente no mercado moeda estrangeira, que visa atingir dois objetivos: disponibilizar dólares aos bancos, para que não aconteça um estresse maior devido à falta de liquidez, e suavizar a volatilidade no mercado cambial.
Às 10h37, a moeda norte-americana tinha alta de 3,13%, a R$ 4,7795. Na máxima até o momento, a moeda chegou a R$ 4,7921.
Entenda
A alta do dólar prenuncia um dia agitado na bolsa brasileira. O índice futuro do Ibovespa afunda 10%. Caso isso se reflita no pregão do índice corrente, a B3 precisa deflagrar o chamado Circuit Breaker — quando todos os negócios são interrompidos por meia hora. Após o retorno, caso caia mais 5%, um novo Circuit Breaker é acionado por uma hora. Se no total a bolsa cair 20%, os negócios são interrompidos por todo o dia. A Petrobras, que derrete no exterior, é o papel com maior peso no Ibovespa: 10,8%.
Mais cedo, Oeste informou que nos primeiro minutos da abertura do mercado asiático deste domingo, 8, o preço do petróleo desabou 30%. A queda se deu em razão do conflito entre os membros da Organização dos Países Exportadores do Petróleo (Opep), chefiada pela Rússia e pela Arábia Saudita.
Os dois países não chegaram a um acordo para diminuir a produção, pois a demanda pelo petróleo despencou com o menor interesse da China. O país, afetado pelo novo Coronavírus (Covid-19), é o maior importador global da matéria-prima.
A Arábia Saudita, líder na exploração mundial de petróleo, decidiu produzir mais e cortar os preços dos barris em seu território. O governo russo, que está entre os maiores produtores do combustível, dobrou a aposta e determinou que se produzisse o máximo possível.
A “guerra dos preços”, portanto, atinge o Brasil em cheio. Informou a DowJones que, diante das medidas tomadas pelas duas potências petrolíferas, o setor teme um excesso de oferta do produto, o que terá impacto em toda a indústria de energia, que inclui a Petrobras.
Os mercados temem, agora, uma crise da economia real, à medida que a epidemia de Coronavírus afeta as cadeias de produção de todo o planeta, obriga o cancelamento de voos e de eventos profissionais e provoca a queda do turismo.