Em 11 de setembro de 1836, um grupo de estancieiros e charqueadores gaúchos proclamou a República Rio-Grandense depois de promover a Revolução Farroupilha, também chamada de Guerras dos Farrapos.
Com dez anos de duração, essa guerra aconteceu no Rio Grande do Sul, de 1835 e 1845. A revolução foi, inicialmente, uma revolta promovida por pecuaristas contra o sistema tributário.
+ Leia mais notícias de História na Oeste
O grupo questionava os altos impostos cobrados sobre o valor do charque que produziam e vendiam apenas dentro do próprio Império. Contudo, no decorrer dos anos, a insatisfação ganhou caráter separatista, abolicionista e republicano.
Conflitos políticos dominam período regencial
A Revolução Farroupilha aconteceu durante o Período Regencial (1831-1840), momento em que regentes governavam o Brasil e aguardavam a maioridade de Dom Pedro II.
Diversas revoltas regenciais marcaram esse período repleto de conflitos políticos, entre eles, a Cabanagem, a Balaiada, a Sabinada e a própria Revolução Farroupilha.
Leia também: “9 de setembro na História ocorre a Batalha da Floresta de Teutoburgo, maior derrota de Roma“
Desde o período colonial, produtores locais do Rio Grande do Sul atuaram na defesa do território contra as investidas espanholas. Por isso, nos tempos do Império, esperavam apoio do governo no desenvolvimento econômico da região.
Império comprometeu competitividade dos gaúchos
Mas não foi isso o que aconteceu. O Império, ao contrário da expectativa dos gaúchos, aplicou pesadas taxas nos produtos rio-grandenses. Nesse período, a base da economia sulista era a criação de gado, a erva-mate, o charque e seus derivados.
Apesar da produção de charque no Rio Grande do Sul, os altos impostos cobrados pelo governo brasileiro tornavam o alimento um produto menos competitivo em relação à Argentina e ao Uruguai.
Além disso, o poder central aumentou os incentivos à importação de charque dos países vizinhos e elevou a taxa de importação de sal, insumo básico para a manufatura do produto.
Autonomia e federalismo impulsionam revolta
Inspirados por ideais iluministas e liberais, os gaúchos começaram a se aproximar politicamente de correntes com pensamentos alinhados ao sentido de autonomia e federalismo.
Insatisfeita com a submissão imposta ao Estado, com o descaso do governo e com a centralização política que em nada favorecia ao Rio Grande do Sul, os produtores decidiram se rebelar contra o Império.
Em 20 de setembro de 1835, as tropas farroupilhas comandadas por Bento Gonçalves conseguiram conquistar Porto Alegre, destituindo o então presidente da província, Fernandes Braga.
Farroupilhas dominam o Estado
Gonçalves deu posse ao então vice-presidente Marciano Ribeiro. Em poucos dias, todo o Estado acabou nas mãos dos farroupilhas, com exceção de Rio Grande, São Gabriel e Rio Pardo.
As tensões entre farroupilhas e o Império ganharam força quando o governo ordenou a transferência das repartições de Porto Alegre para Rio Grande, marcando uma profunda ruptura.
Em 15 de julho de 1836, o Império retomou Porto Alegre. Alguns farrapos conseguiram escapar e chegaram a dominar pontos da cidade. Contudo, os revolucionários nunca chegaram a retomar a cidade por completo.
Rebeldes gaúchos vencem e formam a República
Em 11 de setembro de 1836, ocorre a primeira grande batalha entre as tropas do governo e os farrapos. Sob o comando do general Antonio de Souza Netto, os farrapos saem vencedores e, empolgados, declaram a separação do Estado e proclamam a República Rio-Grandense.
Nesse momento, a revolta toma contornos separatistas e revolucionários. É nesse contexto que os líderes farrapos determinam que os escravizados que se alistassem nas tropas revolucionárias seriam libertos, o que aumentou em muito o contingente de soldados.
A República Rio-Grandense não durou muito. Em outubro de 1836, o Império sufocou os rebeldes, prendeu Bento Gonçalves e outros oficiais. A derrota, contudo, não significou o fim da força revolucionária.
Veja também:
Bento Gonçalves foge e assume comando
Sob a liderança do general Netto, os farrapos permaneceram resistentes e obtiveram outras vitórias. Tanto que em novembro de 1836 declararam a fundação da República em Piratini, tendo Bento Gonçalves como presidente, apesar do líder seguir detido.
Em outubro de 1837, Bento Gonçalves foge da prisão e assume a presidência da República. Os anos que se seguiram foram de intensos conflitos e tensões. Apesar da forte repressão do Exército imperial, os farroupilhas ainda conquistaram a vila de Laguna e declararam a República Catarinense.
Governo nomeia Duque Caxias
Essas conquistas, mais uma vez, duraram pouco. Logo Laguna voltou para o controle do Império e o governo investiu mais de dois terços do contingente do Exército nacional para o desmanche da Revolução Farroupilha.
Em 1842, o Império nomeia Duque de Caxias para pôr fim ao movimento. Enfim, depois de três anos de batalhas, a guerra chega ao fim com um acordo assinado por ambas as partes, o chamado Tratado de Poncho Verde.
Leia mais: “4 de setembro na história cai o império romano do ocidente e começa a idade media“
O Tratado de Poncho Verde, Convenção de Poncho Verde ou Paz de Poncho Verde foi um acordo que pôs fim à Revolução Farroupilha, voltando o território rebelde — o Rio Grande do Sul — a fazer parte do Império do Brasil, de D. Pedro II. É aceita como data de sua assinatura o dia 1º de março de 1845, com o anúncio da paz.
Está na hora de uma
Nova independência