Em 11 de setembro de 1973, um grupo de militares chilenos, liderado pelo general Augusto Pinochet, atacou a sede da Presidência do Chile por terra e ar. O então presidente chileno, Salvador Allende, morreu no ataque. As circunstâncias da sua morte ainda são incertas, com uma autópsia indicando suicídio, versão que é contestada. A ação acabou em um golpe de Estado.
Recentemente, o governo chileno reconheceu que mais de 40 mil pessoas foram mortas, torturadas ou presas durante o regime militar, de 1973 a 1990. A derrubada de Allende foi precedida por greves e ações desestabilizadoras promovidas por setores empresariais e opositores ao governo socialista.
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Em 17 de dezembro de 1973, Pinochet assumiu a Presidência, ilegalizou partidos de esquerda e colocou os demais em “recesso indefinido”, que depois foram banidos. O governo militar não apenas perseguiu opositores, mas também suas famílias e outros civis.
Pinochet enfrentou oposição crescente tanto interna quanto externamente. Com a pressão, o ditador cumpriu a norma da nova Constituição de realizar um plebiscito em 1988, que determinaria seu direito de concorrer a um novo mandato. Em 5 de outubro de 1988, 55,99% dos votantes rejeitaram a permanência de Pinochet no poder.
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As eleições de 1989 marcaram o retorno à democracia, com Patricio Aylwin, do Partido Democrata Cristão, assumindo a Presidência do Chile em 11 de março de 1990. Segundo o Relatório Rettig, da Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, pelo menos 2,2 mil pessoas desapareceram e foram mortas por razões políticas ou como consequência de tortura durante o regime militar.
Ditadura do Chile torturou 31,9 mil pessoas
O relatório Valech mostrou que a ditadura chilena torturou 31,9 mil pessoas e exilou 1,3 mil. A Operação Condor, uma cooperação entre agências de inteligência sul-americanas, perseguiu exilados políticos até no exterior. Pinochet acreditava que essas operações eram necessárias para “salvar o país do comunismo”.
Em 16 de outubro de 1998, a Scotland Yard prendeu Pinochet, em Londres, onde estava para tratamento médico. A prisão atendeu a um mandado internacional de extradição para a Espanha, emitido pelo juiz Baltasar Garzón. O ditador ficou em prisão domiciliar por 503 dias, depois a Justiça o libertou por razões médicas.
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A Inglaterra recusou-se a extraditá-lo alegando razões de saúde, e uma junta médica declarou-o mentalmente incapacitado para julgamento. Pinochet retornou ao Chile em março de 2000.
Pinochet renuncia ao cargo de senador
Com a sua sanidade mental sendo contestada, Pinochet teve de renunciar ao cargo de senador vitalício, em 2002. Em 2004, passou a ser acusado de manter contas secretas no exterior, a partir de investigações realizadas pelo Senado dos EUA, no Banco Riggs. Ele teria acumulado uma fortuna de US$ 28 milhões.
Em outubro de 2006, a Justiça chilena iniciou uma investigação sobre barras de ouro avaliadas em US$ 190 milhões pertencentes a Pinochet. O ditador morreu em dezembro, dois meses depois. Em 2011, uma comissão identificou novas 9,8 mil vítimas da repressão política do regime de Pinochet, o que elevou o saldo para 40 mil pessoas, o que inclui pelo menos 3 mil mortes confirmadas.