Em 19 de setembro de 1893, a Nova Zelândia saiu na frente de todo o mundo ao ser o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres. O governador local da época, Lord Glasgow, sancionou uma nova lei eleitoral, resultado de anos de campanhas intensas das sufragistas neozelandesas, lideradas por Kate Sheppard.
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Essa vitória foi um marco no movimento global pelos direitos das mulheres no final do século XIX, que se espalhou pelo Reino Unido, Estados Unidos e Europa. As sufragistas neozelandesas foram influenciadas por pensadores como John Stuart Mill e pelo ativismo da União de Temperança Cristã da Mulher (WCTU), fundada nos Estados Unidos em 1873.
No início, as sufragistas encontraram apoio entre alguns parlamentares, mas sem resultados concretos. Em 1885, com a criação de uma filial da WCTU na Nova Zelândia, o movimento ganhou tração. Sob a liderança de Kate Sheppard, foram organizadas várias grandes petições ao Parlamento.
As petições ocorreram em 1891, com mais de 9 mil assinaturas; em 1892, com quase 20 mil; e finalmente em 1893, com quase 32 mil assinaturas. Por outro lado, o movimento também enfrentou forte oposição. Críticos, no governo e em setores da sociedade, argumentavam que mudar os papéis “naturais” de homens e mulheres traria consequências desastrosas.
A oposição na Nova Zelândia
A indústria de bebidas, com o temor de que as mulheres apoiassem a proibição do álcool, pressionou o Parlamento contra as petições. O governo liberal, que assumiu em 1891, estava dividido sobre o sufrágio feminino. O então primeiro-ministro John Ballance era favorável, em princípio, mas tinha medo de que as mulheres votassem em seus adversários conservadores.
O deputado Henry Smith Fish, um grande opositor, distribuiu petições de repúdio ao voto feminino, em bares. No entanto, muitas assinaturas eram falsas ou obtidas sem consentimento.
Em abril de 1893, depois da morte de Ballance, Richard Seddon assumiu o cargo de primeiro-ministro. Nesse período, as sufragistas apresentaram a terceira petição, com quase 32 mil assinaturas.
A vitória final e a assinatura de Lord Glasgow
Seddon e outros parlamentares tentaram bloquear a lei com várias táticas, mas dessa vez a manobra não deu certo. Dois vereadores da oposição, anteriormente contrários ao sufrágio feminino, mudaram seus votos para embaraçar Seddon. Em 8 de setembro de 1893, a lei recebeu aprovação, por 20 votos a favor e 18 contrários.
Restava apenas a assinatura do governador Lord Glasgow, que foi recebeu forte pressão para vetar o projeto. No entanto, em 19 de setembro, ele assinou a lei e permitiu que todas as mulheres súditas britânicas com 21 anos ou mais, incluindo as Maoris, pudessem votar. A exigência de nacionalidade excluía alguns grupos, como as mulheres chinesas.
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Em muitas outras democracias, como Estados Unidos e Reino Unido, o direito de voto feminino só saiu do papel depois da Primeira Guerra Mundial. Nesse sentido, o Brasil só permitiu o voto feminino em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas.
Confira os primeiros países a sancionarem o voto às mulheres
- Nova Zelândia – 1893 (o primeiro país a permitir o voto feminino em eleições gerais);
- Austrália – 1902 (as mulheres brancas puderam votar, enquanto as mulheres aborígenes só obtiveram o direito de voto em 1962);
- Finlândia – 1906 (primeiro país da Europa a conceder o sufrágio feminino e também a permitir que mulheres fossem eleitas);
- Noruega – 1913;
- Dinamarca e Islândia – 1915;
- Rússia (durante o Império Russo) – 1917;
- Canadá – 1917 (exceto mulheres indígenas, que receberam o direito de votar em 1960);
- Alemanha – 1918;
- Polônia – 1918;
- Áustria – 1918.
Eleições.
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