Bob Kane, um dos criadores do lendário personagem Batman, nasceu em 24 de outubro de 1915, na cidade de Nova York. Ele é um dos grandes nomes da Era de Ouro dos quadrinhos.
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Sua carreira no universo das HQs começou em 1936, quando passou a produzir material original para pequenas editoras. Ele inicialmente trabalhou como freelancer no quadrinho Hiram Hick, da revista Wow, What A Magazine.
Seu talento como ilustrador chamou atenção. Ele logo começou a colaborar com o estúdio de Jerry Iger, que mais tarde se tornaria a Eisner & Iger, uma das primeiras empresas a criar quadrinhos sob demanda. Durante o período, Kane produziu histórias de aventura e comédia, como Peter Pupp, uma série que combinava elementos de mistério com humor.
A grande virada na carreira de Bob Kane veio em 1939, quando a editora DC Comics, inspirada pelo sucesso de Superman, buscava novas ideias de super-heróis. Kane aproveitou a oportunidade e criou o conceito de um novo personagem, chamado The Bat-Man, “O Homem Morcego”.
Inspirado pelo filme The Bat (1936), Kane imaginou um herói com uma capa em formato de asas de morcego, uma máscara com orelhas pontudas e uma personalidade misteriosa. O personagem seria um vigilante que usava símbolos de morcego para aterrorizar os criminosos.
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Batman: estreia e polêmicas
Bill Finger, um roteirista que Kane conheceu pouco antes da criação, contribuiu para o desenvolvimento do personagem. Finger sugeriu diversas mudanças no desenho original de Kane, como a substituição das asas rígidas por uma capa de morcego, o uso de um capuz para cobrir completamente a cabeça do herói e a adoção de uma paleta de cores mais sombria, com cinza e preto no lugar do vermelho que Kane havia inicialmente proposto. Finger também é creditado por ter criado o nome civil do personagem, Bruce Wayne.
O Batman fez sua estreia oficial na revista Detective Comics #27, em maio de 1939, e rapidamente se tornou um sucesso. O herói envolveu o público com seu estilo sombrio e sua missão de justiça. Em um ano, Kane contratou assistentes como Jerry Robinson e George Roussos para ajudar a manter o ritmo de produção. A partir desse momento, Batman cresceu em popularidade, e sua galeria de personagens, tanto vilões como o Coringa quanto aliados como Robin, começou a tomar forma.
Ao longo de sua carreira, Kane desfrutou de enorme sucesso e reconhecimento por seu trabalho com Batman. No entanto, sua posição como único criador creditado do personagem gerou controvérsia.
Bill Finger, que desempenhou um papel vital na criação do herói e de muitos elementos de sua mitologia, não foi inicialmente reconhecido pela editora, o que gerou disputas que só seriam resolvidas muitos anos depois da morte de Kane.
Últimos anos e legado
Em 1943, Kane decidiu se afastar dos quadrinhos e passou a se concentrar na produção de tiras diárias de jornais com o Batman. Durante essa época, vários desenhistas não creditados, conhecidos como “artistas fantasma”, trabalharam sob sua supervisão para manter a produção.
Kane também experimentou outros campos da criação artística e trabalhou em projetos de animação para televisão, como a criação de personagens como Courageous Cat e Cool McCool.
Kane também aproveitou sua fama para lançar sua autobiografia, Batman and Me, em 1989, seguida de uma continuação em 1996. Ele permaneceu envolvido com o personagem Batman até o fim de sua vida, inclusive participado do sucesso da adaptação cinematográfica do personagem dirigida por Tim Burton, em 1989.
Bob Kane morreu em 3 de novembro de 1998, aos 83 anos, de causas naturais. Ele deixou seu legado na história do Batman, um dos personagens mais populares da cultura pop. Sua influência no mundo dos quadrinhos e na criação de super-heróis permanece incontestável, embora a discussão sobre a falta de reconhecimento a seus colaboradores, como Bill Finger, siga como uma pedra no sapato da indústria de quadrinhos.
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