Há cerca de um ano, um artigo na revista especializada Archaeological Prospection despertou interesse ao sugerir que Gunung Padang, na Indonésia, era uma pirâmide soterrada — e, possivelmente, a mais antiga do mundo.
O geólogo Danny Natawidjaja afirmou que a construção começou há 25 mil anos, superando em idade a Grande Pirâmide de Gizé. Em março deste ano, porém, uma retração da publicação desmentiu essa versão.
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A teoria de que Gunung Padang foi obra de uma civilização sofisticada gerou grande expectativa. Localizado no topo de um vulcão extinto, o sítio possui cinco terraços artificiais, sustentados por muros de contenção, e uma escadaria de 370 degraus, coberto por estruturas megalíticas de andesito.
Retratação sobre a pirâmide
Porém, a revista se retratou, esclarecendo que as datações de carbono feitas em amostras de solo não analisaram artefatos humanos. A interpretação de que o local abrigava uma pirâmide de 9 mil anos mostrou-se incorreta, desmentindo a hipótese de Natawidjaja.
“A datação de uma amostra de solo não implica que estruturas associadas tenham sido construídas na mesma época”, comentou um arqueólogo britânico ao site The Observer. O comentário destaca a falha na lógica da interpretação inicial sobre Gunung Padang.
Histórico de Gunung Padang
Gunung Padang, redescoberto em 1979, depois de décadas de esquecimento, foi estudado anteriormente por Nicolaas Johannes Krom há mais de cem anos. Estudos mostram que as estruturas mais antigas do local foram erguidas há cerca de 2 mil anos, sendo um importante templo “punden berundak“.
A revelação de que a pirâmide não passa de uma interpretação errônea é um golpe para a Indonésia, que poderia ter se beneficiado turisticamente. A ideia de uma estrutura tão antiga poderia ter significado um impulso cultural e político para o país.
A hipótese de Natawidjaja chegou a convencer o ex-presidente Susilo Bambang Yudhoyono, que criou uma força-tarefa para estudar o local. No entanto, a alegação acabou sendo desmentida, o que ressaltou a importância de evidências concretas em pesquisas arqueológicas.