A colunista Mary Anastasia O’Grady, do The Wall Street Journal, publicou um artigo neste domingo, 11, em que critica o posicionamento do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, diante da crise política na Venezuela. O país registra uma onda de protestos contra a ditador Nicolás Maduro, que foi declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral em 28 de julho.
Mary Anastasia destacou que a população da Venezuela está “lutando por suas vidas” e para “recuperar a liberdade”. Indicou que o candidato da oposição Edmundo González ganhou as eleições com 67% dos votos contra 30% de Nicolás Maduro. “Mas a ditadura militar recusa-se a reconhecer a sua derrota e desencadeou uma repressão implacável”, afirmou.
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A colunista sinalizou que países como Costa Rica, Panamá, Argentina, Uruguai, Equador e Peru não reconhecem o ditador Nicolás Maduro como o candidato eleito por voto popular na Venezuela.
“O ex-primeiro-ministro socialista da Espanha, Felipe González, apoia a oposição democrática e a Organização dos Estados Americanos emitiu uma declaração reconhecendo sua vitória nas urnas”, salientou.
Mary Anastasia analisou que, diante do avanço do regime ditatorial de Nicolás Maduro, a administração do presidente dos EUA, Joe Biden, “tem sido ambígua, na melhor das hipóteses”. Quatro dias depois das eleições na Venezuela, o secretário de Estado Antony Blinken “finalmente admitiu” que González obteve mais votos. “Mas os EUA ainda não o chamaram de presidente eleito”, ressaltou.
“O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, explicou na segunda-feira passada que a Foggy Bottom está esperando três países latino-americanos para se juntarem a ele, todos aliados do sr. Maduro e da Cuba comunista: ‘Estamos em contato próximo com nossos parceiros na região, especialmente com o Brasil, México e Colômbia, sobre um caminho a seguir’, disse. Aparentemente a Rússia e o Irã não estão disponíveis.”
A colunista afirmou que a “complacência do do Estado neste momento crucial para a região é difícil de compreender” e que a “América Latina ainda é ameaçada por ideólogos de esquerda que têm sede de poder e são hostis aos EUA”.
“Enquanto os venezuelanos se empenham pela democracia e liberdade, eles merecem o apoio total dos americanos. Em vez disso, a administração de Biden recua na sua força ao dar deferência aos mais notórios apologistas de Havana do hemisfério”, ressaltou.
Regime de Maduro na Venezuela se “deleita com alegações de tortura”
Ainda em seu artigo, Mary Anastasia ressaltou as táticas policiais contra manifestantes que tomam as ruas da Venezuela contra Maduro. A colunista afirmou que o regime “não vê custos para suas táticas” violentas.
“Pelo contrário, ele se deleita com alegações de tortura em sua famosa prisão Helicoide como uma forma de espalhar o terror. Instrumentos de repressão aplicados de forma seletiva são úteis para reprimir protestos. Depois de alguns meses em fervura baixa, espera-se que os manifestantes se cansem e voltem para casa. Este modus operandi tem funcionado por mais de duas décadas para controlar as revoltas. Então, enxaguar e repetir”, destacou.
A colunista disse que “pessimistas” indicam que Daniel Ortega “se safou” de transformar uma democracia em ditadura na Nicarágua, e que o regime totalitário em Cuba já dura 65 anos. “Por que o sr. Maduro e seus capangas não podem fazer o mesmo? A resposta é que o caso venezuelano é diferente.”
“Começar com uma economia em plena crise, o que significa uma escassez de moeda forte. Os negócios do narcotráfico do sr. Maduro geram renda, mas não o suficiente para todas as suas necessidades. Os lealistas esperam ser compensados. A humilhação dos militares às mãos de guardiões cubanos, o empobrecimento das suas famílias e o número crescente de prisões de soldados alimentam o ressentimento entre as tropas. A repressão no quartel pode funcionar por um tempo, mas sem cenouras o sucesso a longo prazo é duvidoso”, sinalizou.
Por fim, Mary Anastasia declarou que o projeto de Nicolás Maduro “é instável” e, portanto, “significa que não deve demorar muito para derrubá-lo”. E essa seria “uma boa razão para a administração de Biden sair da sua posição defensiva e tentar ajudar” a Venezuela.
Não dá para acreditar nisso.