A entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira, 11, pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não conseguiu deixar clara a capacidade do democrata em concorrer à reeleição e servir o país por mais quatro anos. É o que afirma o jornal americano The Washinton Post, em seu editorial desta sexta-feira, 12.
O presidente americano conseguiu discursar com conhecimento sobre algumas perguntas feitas pelos jornalistas, que, segundo a publicação, eram principalmente pedidos educados de garantias sobre sua saúde mental e física.
Mas ainda assim houve momentos em que Biden caiu nos mesmos tipos de erros embaraçosos que cometeu durante o debate presidencial do dia 27 de junho com o ex-presidente Donald Trump. Em uma das gafes mais emblemáticas, o democrata chamou a vice-presidente, Kamala Harris, de “vice-presidente Trump”.
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A situação constrangedora aconteceu poucas horas depois de Biden chamar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pelo nome de seu principal antagonista, Vladimir Putin.
Além disso, o presidente americano se gabou de ter “criado 2 mil empregos na semana passada”, em referência ao último relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que mostrou mais de 200 mil novos cargos em junho.
Ele também alegou que cinco outros presidentes tiveram números de pesquisa piores do que os dele em um ano eleitoral, mas esqueceu de mencionar que a maioria perdeu suas candidaturas à reeleição.
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Para o The Washington Post, a controvérsia em torno do presidente Biden prolonga a difícil situação do Partido Democrata, que ficou ainda mais clara depois de algumas declarações díspares de autoridades ao fim da coletiva de imprensa. Alguns disseram que ele deveria deixar a corrida, enquanto outros afirmaram que havia chegado a hora de cerrar fileiras atrás dele.
“Com o tempo se esgotando antes da abertura da Convenção Nacional Democrata em 19 de agosto, o Sr. Biden e seu círculo interno de conselheiros parecem estar ganhando tempo”, diz o jornal. “De fato, com base em seus comentários de quinta-feira, o Sr. Biden parece estar um tanto alheio ao furor político que o cerca e em negação sobre sua fragilidade, pessoal e politicamente.”
O presidente e sua equipe argumentam que todos devem se concentrar em seu histórico de realizações e notícias animadoras, tanto na frente externa quanto na doméstica: inflação e travessias de fronteira em queda e relatos de que um acordo de cessar-fogo em Gaza está próximo.
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“Eles têm razão”, diz o jornal. “No entanto, a terrível ironia é que a melhor maneira de garantir que uma vitória do Partido Republicano não desfaça esse progresso pode ser entregar as rédeas a um sucessor mais capaz de defender o caso do que o próprio presidente.”
Maioria dos americanos acha que Biden não está apto a concorrer
Uma pesquisa da Post-ABC News-Ipsos, publicada esta semana, revelou que 85% dos americanos agora dizem que Biden está velho demais para servir mais quatro anos como presidente. Outros 56% dos democratas dizem que ele deveria encerrar sua candidatura.
Segundo o jornal, Trump e seus principais conselheiros parecem preferir enfrentar o Biden do que um rosto mais fresco. “Nenhum partido tão desanimado e dividido quanto o Partido Democrata tem probabilidade de ganhar a presidência — ou se sair bem nas eleições”, avalia o texto.
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Biden tem um caminho angustiante e estreito para a vitória nas eleições, que exige maioria dos votos nos Estados da Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, além do único voto eleitoral do distrito congressional, que inclui Omaha.
“Isso seria um desafio até mesmo para os melhores políticos em seu auge”, diz o The Washignton Post. “O Sr. Biden nega que esteja em apuros políticos e rejeita resultados negativos nas pesquisas. Suspeitamos que a sorte dos democratas melhoraria com uma nova chapa nacional.”
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