A greve de um dia no transporte público sobre trilhos na Região Metropolitana de São Paulo não encontrou respaldo na imprensa tradicional. Nesta quarta-feira, 29, os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo (Estadão) criticaram a paralisação convocada por sindicalistas.
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Em ambos os casos, as reclamações por parte dos jornais ocorreu por meio de editorial. Trata-se de texto que expõe a opinião institucional de uma empresa de comunicação.
No editorial disponível em suas versões impressa e on-line, a Folha não teve dúvidas em afirmar que a greve de terça-feira 28 foi “política” e serviu para expor “distorções do setor público”. Para a publicação, a paralisação, que comprometeu os serviços da Companhia do Metropolitano (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), foi “bizarra” e “símbolo dos males do estatismo”.
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Nesse sentido, a Folha aproveitou a greve no transporte público para registrar o histórico de ações de servidores públicos contra a produtividade. O jornal lembrou que movimentos grevistas são constantes entre esses grupos profissionais.
“A privatização é de interesse público quando busca livrar as empresas de vícios como empreguismo, clientelismo, inchaço salarial, aparelhamento político e ineficiência gerencial, além de oferecer melhores serviços aos cidadãos sob uma regulação adequada”, afirma a Folha, em seu editorial. “As corporações estatais recusam desde sempre os termos desse debate. É difícil observar nessa conduta intransigente e truculenta algo além do próprio interesse.”
Greve no transporte público é alvo de críticas da Folha e do Estadão
O editorial do Estadão seguiu caminho similar ao da Folha. De acordo com o veículo de comunicação da família Mesquita, o movimento organizado por sindicalistas resultou em “uma greve perversa”.
Ao criticar a greve de ontem do Metrô e da CPTM, o Estadão reforçou o entendimento que os maiores prejudicados foram milhões de trabalhadores. Assim como a Folha, também criticou-se a “pauta política” que moveu os sindicatos.
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“Os próprios sindicatos não ocultaram o caráter político deste que é o quarto movimento grevista no ano”, afirma o Estadão, em editorial. “Antes, sublinharam os objetivos de exigir o cancelamento dos processos de privatização de linhas do Metrô e da CPTM, da Sabesp e de outras estatais paulistas em curso pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), assim como a realização de plebiscito sobre o tema.”
O Estadão, por fim, ressalta que a decisão de privatizar — ou não — determinada empresa não cabe a sindicatos. Conforme a publicação, tal medida, no caso do Estado de São Paulo, deve contar com o aval dos deputados estaduais.
“Em sua essência, porém, a reivindicação não traz fundamento plausível”, afirma o jornal. “Os projetos do Palácio dos Bandeirantes de venda de estatais têm sido democraticamente submetidos aos ritos de tramitação da Assembleia Legislativa de São Paulo, instituição à qual cabe a palavra final.”
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Espero que esse despertar de parte da imprensa tradicional (bastante desacreditada) impulsione os demais veículos no mesmo caminho. Precisamos muito da imprensa num país governado por pensamentos de esquerda.