Em editorial publicado na edição desta quinta-feira, 11, o Estadão cobrou transparência do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a relação entre o Ministério de Minas e Energia e executivo da Âmbar, empresa do Grupo J&F, que pertence aos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Recentemente, o jornal teve acesso a dados do governo que mostram que a pasta realizou 17 reuniões com executivos da empresa antes de Lula editar uma medida provisória (MP), que deve trazer prejuízo dos consumidores de energia de todo o país, para salvar o caixa da Amazonas Energia e beneficiar diretamente a Âmbar.
Nenhum desses encontros foi registrado na agenda oficial do ministro Alexandre Silveira, do secretário-executivo da pasta, Arthur Cerqueira, do secretário nacional de Energia Elétrica, Gentil Nogueira, e do então secretário-executivo da pasta, Efraim Cruz.
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A reunião final, em 29 de maio, teve a participação do ministro Alexandre Silveira e do presidente da Âmbar, Marcelo Zanatta. Duas semanas depois, no dia 13 de junho, Lula assinou a MP.
“Em tese, poder-se-ia assumir como trivial o encontro entre as autoridades do MME e os executivos da quarta maior geradora de energia a gás natural do país em capacidade instalada”, destaca o Estadão em editorial desta quinta-feira, 11.
“Mas 17 reuniões, sobretudo em tão curto espaço de tempo e principalmente sem transparência alguma, aguçam o ceticismo até dos cidadãos que desejam acreditar nas supostas boas intenções do governo – pois é isso, afinal, o que o sr. Silveira espera de todos: que simplesmente tenham fé em seu espírito republicano”, acrescenta a publicação.
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Ministro pauta democracia na fé, diz Estadão sobre falta de transparência em reuniões com empresa do irmãos Bastista
O ministro de Minas e Energia, por outro lado, afirma que os termos da MP não foram pauta de nenhuma das reuniões com representantes da Âmbar, empresa dos irmãos Batista
Além disso, o fato de a empresa ter sido beneficiada financeiramente com a edição da medida não teria sido nada além de uma “mera coincidência”, segundo Silveira. “Mais uma vez, estamos no terreno da fé”, destaca o Estadão.
Segundo o jornal, esse mistério que envolve cifras bilionárias e interesses opacos é, no mínimo, contraditório para o governo de um presidente que se vangloria frequentemente de ter “salvado a democracia” no Brasil.
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“Ora, numa democracia digna do nome, aqueles que exercem o poder em nome do povo não podem sonegar informações que permitam ao povo fiscalizá-los”, diz o texto. “Por isso, a publicidade é um dos princípios regentes da administração pública consagrados pela Constituição”, afirmou o jornal.
O Estadão conclui que não se trata de duvidar, a princípio, da integridade de quem quer que seja, e, sim, de exigir que haja o máximo possível de informações para que os brasileiros possam avaliar quais interesses estão de fato prevalecendo nas estranhas relações entre o Ministério de Minas e Energia e uma empresa privada. “No escuro, não há democracia”, conclui o texto.
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