A Justiça do Trabalho condenou a Globo a pagar R$ 500 mil à atriz Roberta Rodrigues, em razão de acusações de assédio moral e racismo institucional, durante as gravações da novela Nos Tempos do Imperador. A decisão, proferida pela juíza Aline Gomes Siqueira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, está sujeita a recurso.
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Durante os trabalhos, de agosto de 2021 a fevereiro de 2022, Roberta relatou que o ambiente era marcado por práticas discriminatórias. Isso teria causado seu diagnóstico de burnout e afastamento, por aproximadamente três meses. A atriz afirmou que ela e outros atores negros receberam tratamento diferenciado em relação ao elenco branco.
Nas redes sociais, a atriz comemorou a vitória na Justiça. “Vitória, ancestralidade, axé e fé”, escreveu, em publicação do Instagram. Nos stories, compartilhou uma série de outras postagens que exaltavam a situação.
Negativa à Justiça e políticas da Globo

Em juízo, a Globo negou as acusações. A emissora sustenta que Roberta continuou a participar de outras produções da emissora depois o término da novela e reforça que adota políticas de inclusão.
O caso ganhou notoriedade em fevereiro de 2022, quando o departamento de compliance da Globo recebeu uma denúncia de racismo nos bastidores da produção.
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Em março daquele ano, o diretor artístico da novela, Vinicius Coimbra, foi demitido por assédio moral. Um ano depois, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Coimbra reconheceu erros estruturais na novela, mas afirmou que busca combater a segregação.
Áudio e críticas à novela
No processo, há um áudio de uma reunião, em setembro de 2021, entre Coimbra e atores negros da novela. Na ocasião, a produção sofria críticas por uma cena que sugeria racismo reverso, em que uma personagem branca parecia ser segregada por negros. O diretor convocou apenas atores negros para a reunião e alertou para possíveis represálias.
Depois da estreia, Nos Tempos do Imperador recebeu críticas por “romantizar a escravidão” e conter erros factuais. Em resposta, a Globo contratou uma revisora para corrigir imprecisões históricas no texto da novela.
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Inicialmente, Roberta Rodrigues havia solicitado uma indenização de R$ 10 milhões, mas a juíza fixou o valor em R$ 500 mil.