A recente tentativa do governo Lula de aumentar a arrecadação falhou de modo ruidoso. É o que diz o jornal Folha de São Paulo, em seu editorial desta quarta-feira, 12.
A medida provisória que visava restringir o uso de créditos contra o erário no pagamento de impostos surpreendeu empresários e parlamentares, mas foi recusada rapidamente pelo Congresso Nacional, sob o argumento de falta de fundamentação legal.
Segundo a Folha, o episódio é mais do que uma derrota circunstancial. “Evidencia insatisfação crescente com a tentativa inglória de controlar o déficit público apenas por meio de sucessivos aumentos de receita”, diz a publicação.
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Tal estratégia, na esteira de um aumento exacerbado dos gastos públicos já no primeiro ano do terceiro mandato do presidente, parece ter chegado a um limite.
Para a publicação, a consequência imediata do revés foi mais disseminação da leitura de que os planos fiscais do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não contam com o endosso do Planalto. Além disso, a tensão financeira e política prejudicou ainda mais essa imagem.
Declarações do ministro são entendidas como sinais extras de que lhe falta “poder para levar adiante o controle das contas públicas”, diz a Folha.
Desde meados de abril se intensifica a deterioração de indicadores. De lá para cá, o governo afrouxou suas metas orçamentárias, e o cenário para as taxas de juros nos Estados Unidos se alterou para pior.
“O voto dividido no Banco Central causou mais alarme”, afirma o jornal. “As taxas de juros de longo prazo sobem faz meses, o dólar dá saltos e o processo de redução da Selic deve ser suspenso até o ano que vem.”
Lula tem relação turbulenta com o Congresso
Desde o início do ano, Lula enfrenta mais dificuldades no Congresso — os vetos presidenciais são derrubados, a reforma tributária se arrasta e a oposição impõe sua pauta.
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O próprio governo cria turbulências, segundo o editorial. Como exemplo, a publicação cita as semanas de “tumulto” com a intervenção na Petrobras. “A administração petista conseguiu embaraçar-se até com uma equivocada importação de arroz”, acrescenta.
Não bastasse, Lula fez um discurso nesta quarta-feira que reforçou a percepção de que ele não se comprometerá com um ajuste. Declarou que o controle fiscal virá por meio de mais receita e juros menores — o que, segundo a Folha, soa como um “alheamento da realidade” a esta altura.
“Nada foi dito sobre contenção da despesa primária, o que está em questão”, diz o jornal. “Realimentou-se o fogo nos mercados financeiros, mesmo em uma situação de indicadores de atividade econômica razoáveis.”
Haddad diz que levará ao presidente um plano de controle de despesas. Para a Folha, esta seria uma boa oportunidade de aplacar a balbúrdia, mas o governo vem desperdiçando suas chances.
Em certas nações, o ministro da Fazenda já teria renunciado, mas aqui o tal ministro vai renunciar às “mamatas”?
Brasil… campeão em perder oportunidades e jogar contra seu futuro. Como diz o Ricardo Amorim, o Brasil é o país do futuro do pretérito.
Por que a Oeste fica repassando reportagens de outros jornais? Gostaria de ver o pensamento da Oeste e não do Estadão que não confio. Sei que nem tudo lá é ruim, mas eu gostaria de ver a opiniã dos jornalistas da Oeste