Em vídeo publicado em seus perfis no Facebook e no Instagram, o dono da Meta, Mark Zuckerberg, disse que adotaria, a partir do início do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, medidas diferentes daquelas que censuravam, de forma indiscriminada, perfis nas redes socias que não convinham ao sistema.
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Em seu editorial de opinião desta quinta-feira, 9, a Gazeta do Povo considera a mudança de postura de Zuckerberg como uma admissão tardia dos erros cometidos pela empresa em episódios de censura. No entanto, ressalta a relevância dessa conversão em um cenário global, especialmente no Brasil.
Soluções para a antiga censura de Zuckerberg
A Gazeta afirma que o controle excessivo de conteúdo nas redes sociais extrapolou a moderação de crimes ou informações comprovadamente falsas. Isso resultou em censura de opiniões legítimas.
O jornal vê na nova abordagem anunciada por Zuckerberg — que inclui a substituição de agências de checagem por um sistema de “notas da comunidade” nos EUA — um reconhecimento de que os métodos anteriores falharam ao se alinhar a interesses ideológicos, e não ao debate democrático.
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Contudo, o texto lembrou que “aqueles que se acham no direito de decidir o que os outros devem pensar ou dizer manifestaram sua imediata reação negativa ao anúncio”.
A publicação também afirma que o empresário admitiu pressões por parte de governos, como o de Joe Biden, para bloquear conteúdos, especialmente durante a pandemia. A Gazeta do Povo faz paralelos com o contexto brasileiro. Ela menciona práticas semelhantes atribuídas ao Supremo Tribunal Federal (STF), como remoções, sob sigilo, de conteúdos e perfis de direita.
Marco Civil da Internet
O editorial enfatiza que o Brasil enfrenta uma situação ainda mais preocupante. Ele denuncia que o julgamento do Marco Civil da Internet no STF pode consolidar um regime jurídico que obrigue plataformas a agirem como censoras, sendo responsáveis por conteúdos considerados inadequados, mesmo que sem decisão judicial prévia.
Para o jornal, isso representa uma ameaça direta à liberdade de expressão, ao transformar as big techs em agentes de censura a serviço do Estado.
“O fato é que, se os liberticidas vencerem no Supremo, Facebook, Instagram e outras mídias não terão muita escolha, a julgar pela queda de braço perdida pelo X”, analisou o jornal. “Que Zuckerberg, Musk e outros magnatas das big techs finalmente percebam o absurdo brasileiro e o denunciem é importante, mas o risco de que a liberdade que eles desejam oferecer a seus usuários mundo afora não chegue por aqui é grande demais para que possamos começar a celebrar.”
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A conversão da Meta à atmosfera da liberdade de expressão é resultado direto do efeito Trump. Vamos aguardar para ver se os defensores da democracia relativa no Brasil serão igualmente sensíveis aos novos ventos que soprarão do norte para o resto do mundo e assim, recuarão em seus apetites censores ou, se dobrarão a aposta para banir quase todas as redes sociais do Brasil retirando as máscaras e se alinhando definitivamente à Coreia do Norte, Cuba e Venezuela.