A Jovem Pan e o apresentador Emílio Surita, do programa Pânico, estão sendo investigados pela Polícia Federal por uma suposta imitação homofóbica do jornalista Marcelo Cosme, âncora de telejornais da Globo e da GloboNews.
Um inquérito foi instaurado contra a emissora e o titular do humorístico depois de uma denúncia protocolada no Ministério Público por Amanda Paschoal, ativista da causa LGBTQIA+ e futura vereadora de São Paulo. Se condenados, o canal da família Amaral e Surita precisarão arcar com uma indenização que ultrapassa a casa dos R$ 3 milhões.
A denúncia inicial, antes de acolhida pela Polícia Federal, foi feita ao Ministério Público no início de agosto, menos de duas semanas depois da imitação feita por Surita durante a edição de 23 de julho do Pânico, transmitido em cadeia pela Jovem Pan no rádio e na TV.
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Na ocasião, o titular do Pânico ironizou supostos trejeitos do jornalista. “Eu vou assim bem gostosamente, no passo assim, bem Caetano Veloso, bem GloboNews. Como é que chama aquele cara que faz o programa à noite? O simpático lá. Solto… Muito solto”, ironizou.
Apesar de Surita não ter citado Marcelo Cosme nominalmente, outros membros do elenco do Pânico entregaram que a imitação feita pelo líder da atração era, de fato, uma caricatura do âncora do Em Pauta. O jornalista, por sua vez, fez um extenso desabafo, sinalizando que foi vítima de um crime.
“A gente nunca espera ser alvo de discriminação, mesmo que ela esteja ali, sempre como um fantasma para quem é da comunidade LGBTQIA+. A gente também não se acostuma com o preconceito, ainda que ele faça parte do cotidiano”, disse o apresentador da Globo.
Polícia Federal já ouviu Marcelo Cosme, Emílio Surita e vereadora
Cosme e Emílio Surita já prestaram depoimento. Além deles, Amanda Paschoal — a autora da denúncia feita ao Ministério Público — também foi ouvida pela autoridade policial.
Além do episódio envolvendo o apresentador da Globo, outro agravante piorou a situação da Jovem Pan e do líder do Pânico: não é a primeira vez que a atração é investigada pela veiculação de conteúdos homofóbicos. Em 2019, o humorístico foi alvo de denúncias por conta de uma participação de Gustavo Mendes, imitador da ex-presidente Dilma Rousseff.
Na ocasião, Surita e seus companheiros de programa debocharam do comediante, fazendo uma série de piadas envolvendo outros artistas LGBTQIA+, insinuando que ele faz uso de AZT, famoso medicamento antiviral utilizado no tratamento da AIDS, e associando sua imagem a um unicórnio de pelúcia.
Na época, a ação penal contra a Jovem Pan e o Pânico não progrediu, já que o Supremo Tribunal Federal passou a reconhecer os crimes de homofobia e transfobia como injúria racial — ou seja, há crime mesmo sem denúncia da vítima — apenas em agosto de 2023.
Cosme, Surita e Amanda prestaram depoimento em novembro, dois meses depois dos primeiros despachos da denúncia pelo Ministério Público.
Na movimentação mais recente do processo, já acolhido pela Polícia Federal, o delegado Renato Pereira de Oliveira determinou a abertura de um inquérito policial “para apurar possível ocorrência prevista no art. 20, § 2º, § 2°-A – Lei 7.716, de 1989 – Lei do Racismo, além de outras que porventura forem constatadas no curso da investigação”.
O valor de uma eventual condenação de Emílio Surita e da Jovem Pan, que pode ultrapassar a casa dos R$ 3 milhões, será integralmente revertido para associações de apoio a causa LGBTQIA+. Toda a ação corre em segredo de Justiça.
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