Os ataques do Partido dos Trabalhadores (PT) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tornaram-se notícia no jornal britânico Financial Times. Em reportagem publicada nesta quarta-feira, 19, o correspondente Bryan Harris afirma que a sigla tenta amordaçar o presidente da instituição financeira.
Na abertura, o texto cita a ação judicial impetrada por Lula contra Campos Neto, na quarta-feira. O objetivo seria impedir este último de proferir “declarações políticas”. Essa disputa teve início um dia depois de o petista afirmar que Campos Neto trabalha para prejudicar o país.
“Só temos uma coisa errada no Brasil neste momento: é o comportamento do Banco Central”, disse Lula, na terça-feira 18. “Temos um presidente de banco que não demonstra qualquer capacidade de autonomia… Não há explicação para a taxa de juros atual.”
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O Banco Central manteve a taxa Selic em 10,5%, apesar das críticas de Lula. Mas o petista deseja cortes mais rápidos nas taxas, para supostamente estimular a economia. A meta de inflação da instituição financeira é de 3%, mas a inflação atual está em pouco menos de 4%.
A economista Rafaela Vitória, do Banco Inter, argumenta que as críticas de Lula são descabidas. “O governo critica o Banco Central por manter as taxas de juros demasiado altas, mas a questão que deveriam colocar é: por que a inflação não volta ao objetivo com taxas de juro tão altas?”, perguntou. “A culpa é da expansão fiscal, e o novo quadro orçamental até agora não conseguiu promover o ajustamento necessário.”
O Financial Times destaca que o Banco Central tem reduzido gradualmente a taxa Selic, de 13,75% para 10,5% no último ano. Para Lula, contudo, o ritmo dos cortes segue lento. Segundo o jornal, a disputa política entre Lula e Campos Neto continua a evoluir. Os impactos sobre a economia brasileira permanecem incertos.
No fim deste ano, o petista deve nomear um novo chefe para o Banco Central. Isso porque chegará ao fim o mandato de Campos Neto.
PT associa Campos Neto à direita política
Conforme integrantes do governo Lula, o presidente do Banco Central alinha-se com políticos de direita. Essa acusação vem à superfície depois de Campos Neto participar de uma cerimônia na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com o governador do Estado, Tarcísio de Freitas.
Especulou-se a possibilidade de o presidente do Banco Central participar da gestão do governo paulista. Nenhum deles confirmou a informação. Contudo, o encontro foi o bastante para incomodar o PT.
O Financial Times acredita que a disputa entre Lula e Campos Neto ameaça criar uma crise de credibilidade para o Banco Central. Segundo o jornal, os investidores temem uma divisão entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo Campos Neto, e os nomeados por Lula. Os escolhidos pelo petista pressionariam por uma diminuição acelerada da taxa de juros.
“É conveniente usar o chefe do banco como vilão, e a política monetária como a causa raiz dos problemas, em vez de reconhecer que a política económica, e a política fiscal em particular, precisa de ser corrigida”, afirmou o economista-chefe da Reag Investimentos, Marcelo Fonseca, ao jornal britânico.
A incompetência é do desgoverno gastador e irresponsável.
Levou um 9 x 0 ontem e quer revanche.