De acordo com um editorial do jornal norte-americano The Wall Street Journal, o 47º presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhou as eleições e uma segunda chance. Trump venceu a atual vice-presidente, Kamala Harris, ao conquistar 277 delegados, inclusive os dos chamados “Estados-pêndulo”, que oscilam entre candidatos democratas e republicanos, a depender da eleição.
A vitória do republicano é um marco na história da política norte-americana, porque é a segunda vez que um ex-presidente volta à Casa Branca depois de perder uma reeleição. Apenas Grover Cleveland, 22º presidente do país, havia conseguido tal façanha.
Para o WSJ, dizer que Trump é um retrato de resiliência pode ser considerado um “eufemismo político” do século atual. O republicano foi descartado como possível mandatário depois do incidente no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, mas foi “revivido” através de investigações unilaterais e o uso partidário do lawfare por parte dos democratas.
“Sua vitória na terça-feira, no final, não foi tão apertada quanto as pesquisas sugeriam”, afirma o editorial. “Ele recuperou Estados que perdeu em 2020 e o fez com uma coalizão que incluía mais eleitores jovens e mais homens negros e hispânicos. Ele reduziu sua margem de derrota em Estados em que perdeu o suficiente para que talvez até vença o voto popular nacional. É uma vitória maior do que em 2016.”
Erros de Biden influenciaram vitória republicana
A publicação avalia que a vitória avassaladora de Trump também foi influenciada pelos fracassos do governo do atual presidente, o democrata Joe Biden. “Ele venceu novamente porque o presidente Biden não conseguiu entregar a unidade e a prosperidade prometidas, e porque, ao longo de quatro anos, os eleitores se desencantaram com os resultados de suas políticas progressistas”, acrescenta.
As medidas do governo democrata e a união com figuras do progressismo resultaram em uma queda nos salários reais com a alta da inflação, uma agenda cultural impulsionada pela política de identidade, caos na fronteira sul e o colapso da dissuasão norte-americana no exterior.
“As pesquisas de boca de urna mostram que a economia, em particular, foi o melhor tema de Trump. Não importam as lições da mídia de que a economia está ótima; eleitores que dependem de salários (e não de ativos) sentiram de forma diferente.”
Segundo mandato de Trump é diferente de qualquer outro, avalia WSJ
O jornal avalia que, com sua segunda chance, Trump não pode gastar capital político contra opositores e deve se concentrar em remediar os danos causados pela gestão anterior. Os republicanos têm, atualmente, 51 cadeiras no Senado norte-americano, o que também garante vantagem política para o presidente.
Além disso, Trump pode usar sua gestão para revogar os mandatos de veículos elétricos e as exigências climáticas da Lei de Redução da Inflação. Na visão do WSJ, acima de tudo, ele precisa de crescimento com baixa inflação que aumente a renda, especialmente para as famílias norte-americanas que não têm ações nem uma casa.
Estender os pilares pró-crescimento de sua reforma tributária de 2017 e desregulamentação para liberar investimentos empresariais será crucial. “Ele não obterá esse resultado adotando a redistribuição de renda ou o corporativismo sindical favorecidos pela ala de governo grande da direita”, afirma a publicação.
Para o Wall Street Journal, a maioria dos segundos mandatos fracassa, mas o segundo mandato de Trump é diferente de qualquer outro em mais de um século. Adaptando o famoso ditado político do democrata Rahm Emanuel, uma segunda chance seria algo terrível de desperdiçar.
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