O Washington Post decidiu não endossar candidatos presidenciais nas eleições de 2024 e nem em futuras disputas. Essa deliberação foi tomada por Jeff Bezos, proprietário do jornal, e coloca o periódico em linha com outras publicações que também optaram por não apoiar candidatos políticos.
William Lewis, editor e diretor executivo, comunicou que a iniciativa visa a retornar às raízes do jornal, focando em fornecer notícias apartidárias. O Washington Post só começou a endossar candidatos de forma consistente em 1976.
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Recentemente, o jornal preparou um editorial para apoiar a vice-presidente Kamala Harris. Contudo, “a decisão de não publicar foi tomada pelo proprietário do Post”, afirmou o Washington Post Newspaper Guild.
A mudança é significativa para o periódico, que tem uma história de resistir ao poder, como demonstrado no caso Watergate. O jornal já ganhou mais de 70 prêmios Pulitzer por seu trabalho investigativo.
“Nosso trabalho no The Washington Post é fornecer através da redação notícias não partidárias para todos os americanos, e ideias inspiradoras, vistas reportadas de nossa equipe de opinião para ajudar nossos leitores a fazer suas próprias opiniões”, destacou o editorial.
O texto ainda salientou que o jornal visa “acima de tudo’, manter sua postura “independente”. “E é isso que somos e seremos”, afirmou o Washington Post.
Reações à nova política do Washington Post
Marty Baron, ex-editor executivo do Washington Post, criticou a falta de endosso, chamando-a de “covardia”. Ele afirmou que Donald Trump poderia usar isso como uma oportunidade para intimidar Bezos.
“Isto é covardia, com a democracia como sua vítima”, escreveu Baron em seu perfil no Twitter/X. “Donald Trump verá isso como um convite para intimidar mais o proprietário Jeff Bezos e outros. Inquietante a falta de coragem em uma instituição famosa pela coragem.”
O jornal apoiou outros candidatos neste ciclo eleitoral, como Angela Alsobrooks para o Senado dos EUA. Robert Kagan, editor, renunciou em protesto contra a nova política de endossos.
Rivalidade entre Bezos e Trump
A rivalidade entre Bezos e Trump não é recente. Em um episódio provocativo, Bezos sugeriu dar a Trump um assento em um foguete de sua empresa espacial. Trump minimizou reportagens críticas do Post, associando-as ao bilionário.
Bezos inicialmente enfrentou as críticas de Trump, mas depois suavizou sua postura. Isso ocorreu quando as críticas começaram a impactar as ações da Amazon. Em 2018, Trump criticou a dependência da Amazon no Serviço Postal dos EUA.