Em artigo publicado na Edição 105 da Revista Oeste, Brendan O’Neill escreve sobre a incontrolável febre anti-Rússia que tomou conta dos países ocidentais. Depois de tentarem cancelar Dostoiévski e Tchaikovsky, os jingoístas anti-Rússia estão buscando apagar o cosmonauta Yuri Gagarin da História.
Leia um trecho
“A febre anti-Rússia que tomou conta do Ocidente depois que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia atingiu um novo patamar. Ela agora está ameaçando devorar o cosmonauta soviético Yuri Gagarin. O primeiro ser humano a ir ao espaço sideral. Um dos maiores exploradores da história da humanidade. E um dos russos mais populares do século 20, amado e celebrado por norte-americanos, britânicos e outros que não gostavam da União Soviética, mas se importam muito com as conquistas históricas de Gagarin. Até mesmo esse russo adorado corre do risco de se tornar vítima da russofobia de observadores e instituições ocidentais que parecem incapazes de distinguir entre Putin e o povo russo, entre as coisas horríveis que estão sendo feitas pela classe política russa e as coisas impressionantes que foram concedidas à humanidade pelos russos ao longo da história.
Acho que era só uma questão de tempo até que o jingoísmo anti-Rússia fosse atrás de Gagarin. Afinal, ele já colocou Tchaikovsky na mira (a Orquestra Filarmônica de Cardiff, capital do País de Gales, cancelou uma performance da Abertura 1812), está de olho em Dostoiévski (a Universidade de Milano-Bicocca declarou — antes de recuar — que iria adiar um curso sobre o autor russo) e está colocando uma pressão imensa para que maestros, cineastas e esportistas de destaque russos vivos condenem Putin, sob o risco de expulsão da vida pública. Só que é um problema se eles o fizerem — e também é um problema se não o fizerem. Valery Gergiev, maestro russo de renome mundial, foi dispensado da Filarmônica de Munique por não denunciar Putin. E então Alexander Malofeev, prodígio russo do piano, foi cortado de apresentações, apesar de ter se oposto à guerra contra a Ucrânia. Nesse clima horrível, em que qualquer pessoa russa — viva ou morta, pró ou anti-Putin — pode ser constrangida ou ostracizada, era inevitável que até mesmo o túmulo de Gagarin fosse tripudiado.”
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Revista Oeste
A Edição 105 da Revista Oeste vai além do texto de Brendan O’Neill. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de J.R. Guzzo, Cristyan Costa e Silvio Navarro, Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino, Edilson Salgueiro e Fábio Matos, Kaíke Nanne, Dagomir Marquezi, Ana Paula Henkel, Bruno Meyer, Evaristo de Miranda e Alexandre Ostrowiecki.
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O ódio aos russos se propagou como uma moléstia contagiosa.
Vale aqui a máxima:
No coração do homem repousa o princípio e o fim de todas as coisas. – Leo Tolstoi
Mais uma insanidade por parte daqueles que o mais difícil é, pensar.