O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, concedeu uma longa entrevista à rede britânica BBC, em que afirma que o país não tem arrependimentos sobre a invasão militar da Ucrânia. A ‘operação’, como prefere dizer o político russo, já dura quase quatro meses.
Mais uma vez, a principal voz da política externa russa repetiu argumentos de que a invasão, na visão do país, é apenas uma medida de defesa. O ministro Lavrov disse que a Rússia não poderia tolerar a ameaça de ter a vizinha Ucrânia como membro do Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Nós não invadimos a Ucrânia”, afirmou Lavrov. “Declaramos uma operação militar especial porque não tínhamos absolutamente nenhuma outra maneira de explicar ao Ocidente que arrastar a Ucrânia para a Otan era um ato criminoso.”
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, Lavrov concedeu poucas entrevistas à mídia ocidental. Para a BBC, o ministro das Relações Exteriores voltou a afirmar sobre a missão de combater ‘nazistas’ ucranianos.
Lavrov ainda foi confrontado pela reportagem sobre uma situação específica na vila ucraniana de Yahidne, onde 74 crianças e cinco pessoas com deficiência foram forçados por oficiais russos a permanecer por 28 dias no porão de uma escola. Dez idosos morreram no local. O ministro respondeu sem deixar-se abalar.
“A Rússia não está completamente limpa. A Rússia é o que é. E não temos vergonha de mostrar quem somos.”
Aos 72 anos, Lavrov representa a Rússia no cenário internacional há 18 e é um dos homens de confiança do presidente Vladimir Putin. Recentemente, as sanções ocidentais impostas a ele também atingiram a sua filha.
Na mesma entrevista, o ministro das Relações exteriores ainda descartou qualquer possibilidade de retomada de diálogo diplomático com o Reino Unido a curto prazo.