Sexta-feira passada Vladimir Lenin, o fundador da União Soviética faria 152 anos. Sua estátua foi restaurada na praça principal da cidade de Henichesk, ocupada pelo exército russo. Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, bandeiras soviéticas e russas estão expostas no telhado.
Antes da invasão, Henichesk era uma cidadezinha sonolenta com 20 mil habitantes. Recebeu mal os invasores, mas agora pode se tornar parte do que os russos chamam de República Popular de Kherson, numa eleição fraudulenta como a que ocorreu em 2014 durante a invasão de Donbas.
A matéria do Guardian diz que a tática dos russos é de intimidação, com prisões e desaparecimentos. A TV ucraniana foi desligada e substituída por propaganda russa transmitida a partir da Crimeia. O prefeito da cidade sumiu desde 9 de março e substituido por um político pró-Rússia.
Segundo a historiadora Anne Applebaum, especialista em história do comunismo, os métodos usados pelos ocupantes russos são uma cópia do que a extinta União Soviética praticou no leste europeu antes e depois da Segunda Guerra. “Eles têm listas de pessoas para prender – prefeitos, diretores de museus, líderes locais de todos os tipos. Eles sistematicamente estupram e assassinam civis, a fim de criar terror. Eles deportam outras pessoas em massa para a Rússia, para aumentar sua própria população esgotada. Eles erradicam os símbolos locais – estátuas, bandeiras, monumentos – e colocam os seus próprios”.
A situação atual tem uma diferença, segundo Applebaum: “Como a Rússia moderna não representa nada além de corrupção, niilismo e poder pessoal de Putin, eles trouxeram de volta bandeiras soviéticas e estátuas de Lenin para simbolizar a vitória russa”.
À época da Guerra Fria, bem marcada em mim nos anos 70, quando era adolescente, a realidade era outra. Globalismo não fazia parte da cotidiano e a URSS era um país somente sentido pela ameaça de uma guerra nuclear. Os mísseis em Cuba nunca foram acionados. A guerra nuclear nunca aconteceu. O que se via era, por exemplo, alemães da Alemanha oriental fugindo para o ocidente (nunca o contrário). Aqui no Brasil aquilo que a esquerda nos forçava era a ouvir que vivíamos uma ditadura militar. Como algo ruim que tínhamos de combater (na verdade não tão ruim, pois tínhamos mais segurança jurídica e policial que hoje). A “ditadura” nos salvou de algo que poderia ter sido muito pior que os anos do petismo no poder. Por fim, nos anos 80 a muralha que dividia a Alemanha em ocidental e oriental caiu, junto com a URSS e países satélites que, antes fizeram parte da URSS, estavam livres da opressão e da mentira do comunismo. Nessa parte da história entra a Ucrânia que hoje vemos sofrer uma agressão brutal e assassina por parte da Rússia. E agora essa “festividade” macabra russa, levantando estátuas de assassinos como Lenin ou Stalin, ou estendendo a bandeira da antiga URSS. Isso sim é ditadura e muito imoral.