O governo dos EUA vem monitorando nas últimas semanas as atividades de grupos pró-aborto, temendo supostas ações violentas contra o prédio da Suprema Corte ou contra seus funcionários, em Washington.
A revisão da legislação do aborto está em pauta nos EUA desde que a Suprema Corte admitiu que analisa o caso, depois de vazamento de documentos na imprensa do país. A expectativa é que a legalidade da prática passe a ficar sob responsabilidade dos Estados. Atualmente, a interrupção da gravidez é um direito constitucional.
Um memorando obtido pelo site Axios revelou que funcionários do governo norte-americano estão investigando ameaças a juízes da Suprema Corte e possíveis atos violentos nas imediações do tribunal. O documento faz referência a iniciativas que surgiram depois que alguém, possivelmente um funcionário, vazou uma minuta revelando que o caso conhecido como Roe vs. Wade provavelmente vai ser anulado — este caso abriu o país para a prática legal de aborto, em 1973.
A possibilidade de revisão da legislação do aborto gerou uma onda de manifestações de rua pelo país, tanto de ativistas contra a prática como aqueles a favor. Em paralelo, centros de apoio à gravidez foram alvos de atentados nas últimas semanas.
A Suprema Corte dos Estados Unidos tem desde 2020 maioria conservadora em sua composição, com seis juízes, contra três de viés liberal ou progressista.
Hoje, pelo menos oito Estados têm leis proibitivas que podem ser implementadas se a Suprema Corte autorizar. Outros, como Texas e Oklahoma, reduziram os prazos em que uma mulher pode procurar aborto legal.
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