O que pode acontecer depois de Joe Biden desistir da candidatura presidencial?

A renúncia do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a concorrer para um novo mandato reabre o jogo no Partido Democrata sobre quem vai disputar a eleição contra Donald Trump.

Segundo as regras da própria legenda, será necessário escolher um novo candidato em uma convenção partidária.

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Entretanto, isso significaria um confronto entre as várias facções que disputam o controle da agremiação. Principalmente a mais radical e a mais moderada.

Duas hipóteses para o Partido Democrata

Existem duas possibilidades sobre a convenção do Partido Democrata. A primeira é de uma convenção “aberta”, na qual os delegados votam em quem quiserem. A segunda de uma convenção “negociada”, na qual os votos dos delegados estariam sujeitos a acordos secretos, mediados por líderes partidários locais e estaduais.

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Alguns democratas proeminentes, incluindo o deputado James Clyburn, sugeriram a opção de uma “mini-eleição prévia” para selecionar um substituto a Biden, o que envolveria uma série de debates, discussões e outros eventos antes da convenção.

Joe Biden já tinha a nomeação ganha

Se Biden tivesse permanecido como o candidato, teria chegado à convenção com 3.896 delegados “carimbados”. Isto é, com 90% dos participantes da convenção democrata comprometidos em votar nele.

Existem também 700 “superdelegados” que têm direito de voto: ou seja, membros da Câmara e do Senado, governadores, deputados estaduais e membros do Comitê Nacional Democrata que também têm o direito automático de voto em virtude de seu papel.

No entanto, não podem votar na primeira votação para respeitar a vontade da base, a menos que já esteja claro que um determinado candidato tem a maioria absoluta dos delegados necessários (como teria sido o caso de Biden na corrida).

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Agora que o presidente em exercício desistiu, os delegados comprometidos a votar nele podem mudar seu posicionamento de acordo com a “regra 13j” do regulamento interno, aprovado em 1984 para casos como estes.

A norma prevê que em casos de doença ou escândalos envolvendo o presidente os “delegados eleitos para a convenção nacional envolvidos com um candidato presidencial devem, em sã consciência, refletir os sentimentos daqueles que os elegeram”.

Esse artigo poderia ter sido utilizado para abandonar Biden se ele persistisse em não sair de cena.

Na situação atual abrem-se duas possibilidades. Os superdelegados poderiam ser chamados a votar na primeira votação, influenciando assim a escolha. Uma possibilidade que implicaria a pressão para seguir as instruções de líderes como Chuck Schumer e Hakeem Jeffries.

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Outra possibilidade seria seguir na direção de uma “mini-eleição prévia”, onde os superdelegados não poderão votar na primeira rodada.

Cabe à convenção decidir as regras: essa regra também poderá ser alterada durante a disputa, deixando mais espaço para as indicações dos grandes nomes do partido e empurrando na direção de uma grande coalizão que pactue um nome específico.

Principalmente porque ninguém quer repetir a guerra interna ao Partido que eclodiu em 1924, quando foram necessários 103 votos para chegar a um acordo sobre um candidato.

Risco anarquia dentro o Partido Democrata

Existe uma terceira hipótese, de uma Convenção Democrata tomada pela anarquia, onde os delegados não seguem um rito pré-estabelecido e tomam a liberdade de votar qualquer candidato. Essa seria a hipótese de convenção “aberta”.

Algo que provocaria uma campanha eleitoral interna com conotações muito duras, ataques entre lideranças e possíveis golpes baixos. Portanto, com o risco de ser contestada. Se tornando, potencialmente, a convenção mais controversa da história da América.

Em 1980 a disputa entre o então presidente Jimmy Carter e o senador Ted Kennedy foi resolvida semanas antes do início da convenção.

Após a decisão de Biden de não concorrer, a esperança do Partido Democrata é que sua convenção, uma instituição com 200 anos de história, que outrora parecia pouco relevante, seja capaz de ter flexibilidade para enfrentar um cenário político inteiramente novo.