O diretor do Departamento de Direito Internacional da África do Sul, Zane Dangor, disse que o país não reconhece o Hamas como um grupo terrorista. A fala aconteceu durante entrevista coletiva nesta sexta-feira, 12. A nação sul-africana acusa Israel de “genocídio” contra os palestinos no Tribunal Internacional de Haia.
+ Leia mais notícias sobre Mundo em Oeste
Questionado pelo jornalista Yanir Cozin se a África do Sul define o Hamas como organização terrorista, Dangor disse que não. “Não o definimos como uma organização terrorista”, afirmou o diretor de Direito Internacional. “Uma vez que não opera em nosso território, portanto, não.”
A África do Sul acusou Israel de promover um “genocídio” contra palestinos na Faixa de Gaza, durante a guerra que ocorre contra o grupo terrorista Hamas. Com base na Convenção de Genocídio, o país pede que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordene a suspensão imediata da ofensiva militar de Israel contra a organização terrorista.
Leia também: “Apoio à denúncia de ‘genocídio’ contra Israel deixa Brasil ao lado de Irã, Venezuela e Nicarágua”
Em entrevista ao Independent Press, Dangor comentou a acusação contra Israel. O julgamento começou na última quinta-feira, 11, e o diretor afirmou que a defesa de Israel no tribunal “não é convincente”.
“Confiamos que os juízes tomarão a decisão certa”, disse Dangor. “A defesa de Israel no tribunal não se referiu a nenhuma das questões que apresentamos ontem ao tribunal.”
Denúncia de “genocídio” contra Israel
Apresentado pela África do Sul em 29 de dezembro, o documento tem 84 páginas. A queixa relata supostas violações da Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio no conflito na Faixa de Gaza. Em vez de repudiar os atentados promovidos por membros do Hamas, a nota sul-africana acusa Israel de “genocídio”.
A convenção foi elaborada em resposta ao extermínio de seis milhões de judeus pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Leia também: “A esquerda escolheu o lado do terror”, reportagem de Silvio Navarro publicado na Edição 186 da Revista Oeste
A convenção confere aos países signatários, entre os quais Israel e a África do Sul, o direito coletivo de prevenir e impedir crimes de genocídio, definidos como atos “cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.
Dezessete juízes participam das audiências no Palácio da Paz. O banco é composto de 15 juízes permanentes e dois ad hoc, de Israel e da África do Sul — ou seja, designados especificamente para esta Corte.
Israel define acusações da África do Sul como “infundadas”
Os advogados de Israel classificaram como “grosseiramente distorcidas” as acusações de “genocídio” no Tribunal Internacional de Haia, nesta sexta-feira.
Durante defesa na Corte, o professor e advogado inglês Malcom Shaw lembrou que “nem todo conflito armado é genocida”. Shaw recorreu à Convenção de Genocídio da ONU, em vigor desde 1951.
Leia também: “Revista Oeste lança aplicativo de celular; acesse”
“A Convenção de Genocídio é uma manifestação singularmente maliciosa”, disse Shaw, que representa Israel no CIJ. “E se destaca entre as violações do Direito Internacional como o ápice do mal, o crime dos crimes, o último da maldade.”
A defesa de Israel também afirmou que houve uma possível banalização do termo “genocídio”.
Relembre o que motivou o início da guerra
A guerra foi desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, no sul de Israel. Na ocasião, o grupo matou cerca de 1,2 mil pessoas, na maioria civis. As vítimas estavam em suas casas e em um festival de música eletrônica. O grupo sequestrou e levou para Gaza mais de 240 pessoas.
Uma ampla investigação do jornal norte-americano The New York Times revelou que os terroristas estupraram as mulheres antes de assassiná-las.
Leia também: “Adolf Hitler ficaria orgulhoso”, artigo de Dagomir Marquezi publicado na Edição 190 da Revista Oeste
Relatos de socorristas e vídeos divulgados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) comprovaram que bebês foram degolados, enquanto outros morreram assados nos fornos de suas casas.
O ataque foi amplamente considerado por líderes ocidentais e pela mídia estrangeira como o pior massacre a judeus desde o Holocausto.
Não o definimos como uma organização terrorista”, afirmou o diretor de Direito Internacional. “Uma vez que não opera em nosso território, portanto, não.”
Com este sotaque, só pode ser um muçulmano.