“Turismo de supermercado” é o termo usado para explicar o motivo de os uruguaios estarem cruzando a fronteira para a Argentina com o objetivo de comprar comida e combustível baratos em seu vizinho, atingido pela crise econômica. No entanto, essa tendência tem feito os negócios perto da fronteira entrarem em uma crise própria.
A disparidade de preços criou um dilema econômico para as cidades localizadas nas fronteiras que a Argentina compartilha com Bolívia, Chile e Uruguai. Isso porque comerciantes bolivianos, chilenos e uruguaios são incapazes de competir com os preços argentinos, muitas vezes apenas a uma curta distância.
A Argentina luta contra uma inflação de mais de 100%. A sua moeda, o peso argentino, perdeu cerca de 25% de seu valor em relação ao dólar este ano.
No Uruguai, por exemplo, a inflação anual está em 6%, e a moeda local se fortaleceu amplamente em relação ao dólar, o que amplia o poder de compra dos uruguaios nos mercados argentinos.
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A gerente de um supermercado uruguaio, Noelia Romero, disse em entrevista para a agência de notícias Reuters que as vendas estão em queda acelerada. De acordo com ela, seus clientes fazem cada vez mais viagens de um dia à Argentina em busca de preços menores.
“Fomos duramente atingidos em termos de mantimentos e produtos de limpeza”, disse Noelia. Ela trabalha na cidade de Fray Bentos, separada pelo Rio Uruguai da cidade argentina de Gualeguaychu, facilmente acessível por ponte.
Consequências do “turismo de supermercado” na Argentina
O crescimento do “turismo de supermercado” na Argentina provocou altos níveis de desemprego e falências foram relatados nas cidades fronteiriças. Dessa forma, o governo do Uruguai introduziu, em maio, medidas econômicas para ajudar a proteger os comerciantes das cidades próximas à Argentina. O pacote de ações incluiu algumas isenções fiscais e descontos em gasolina e medicamentos.
O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, reconheceu que há um problema com os preços tão baixos na Argentina. Ele pediu ações por parte de governadores para implementar um imposto de importação temporário sobre mercadorias estrangeiras transportadas pela fronteira.