A economia mundial não estava em seu melhor momento em 1932. No Brasil, não era diferente, mas a falta dinheiro não impediu os atletas do país de disputarem a Olimpíada de Los Angeles naquele ano. Para viabilizar. Os esportistas venderam café nos portos durante a travessia até a cidade norte-americana para viabilizar a participação no evento.
O café era o principal produto exportado pelo Brasil naquele momento. Os atletas do país receberam 55 mil sacas de café para custear a viagem. Elas foram colocadas no navio Itaquicê, disponibilizado para o transporte dos atletas a pedido do então presidente Getúlio Vargas. Coube aos esportistas venderem o grão a cada parada do percurso.
Para tentar não pagar o pedágio no Canal do Panamá, a embarcação recebeu camuflagem militar. Porém a estratégia não funcionou. Segundo a Agência Brasil, ao aportar, inspetores subiram a bordo, verificaram que os canhões eram mera decoração e a delegação teve de arcar com o tributo.
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O Itaquicê partiu com 82 atletas, mas o dinheiro das vendas permitiu que somente 66 participassem da Olimpíada. Havia a cobrança de US$ 1 para para o desembarque de cada competidor. Por esse motivo, houve uma seleção para escolher os competidores com mais chances de conseguir medalhas, e somente eles puderam descer do navio. Contudo, a estratégia não frutificou, uma vez que nenhum deles conseguiu subir ao pódio.
Brasil na Olimpíada de Los Angeles 1932
A delegação brasileira era formada por 65 homens e uma mulher, Maria Lenk — que aos 17 anos se tornou a primeira atleta feminina sul-americana em uma Olimpíada. No ano 2000, ela recebeu a Ordem Olímpica, prêmio concedido pelo Comitê Olímpico Internacional aos maiores atletas de todos os tempos.
Ela morreu em 1992 em decorrência de uma parada cardíaca. Ao longo da carreira, essa nadadora participou de 11 campeonatos mundiais e conquistou 54 medalhas, sendo 37 de ouro. Maria também bateu diversos recordes mundiais, entre eles: três na categoria de 90 a 94 anos, e três na categoria de 85 a 89 anos.
Além da natação, também polo aquático, remo, tiro esportivo e atletismo tiveram a participação de competidores brasileiros. Um destaque da equipe masculina foi o corredor Adalberto Cardoso. Para conseguir participar da Olimpíada, ele escapou do navio Itaquicê em São Francisco e pegou carona por 600 km até Los Angeles.