Ter acesso a dados não transformará o país em potência, avalia dupla de Oxford. Dessa forma, a China não simboliza sucesso em IA
A China não será a maior potência mundial em inteligência artificial. É o que analisam Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, profissionais da Universidade de Oxford, em artigo publicado no site da revista norte-americana Foreign Affairs. Entre outros pontos, a dupla afirma que o sistema autoritário vigente no país comunista é, inclusive, um empecilho — não uma vantagem.
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Frey e Osborne ressaltam, por exemplo, que não basta ter acesso a uma gama de dados para conseguir avançar em trabalhos e tecnologias como a inteligência artificial. É preciso estar aberto à inovação. Eles frisam, entretanto, que a China cumpre a primeira parte. Afinal, o regime comunista é conhecido por “vigiar” seu mais de 1 bilhão de habitantes. A segunda condição para pensar em ser uma potência em IA, contudo, não ocorre.
“Permite à China bisbilhotar seus cidadãos, mas não muito mais”
“O desprezo da China pela privacidade lhe permite bisbilhotar seus cidadãos, mas não muito mais do que isso. Uma abundância de dados de vigilância não lhe oferece vantagem na aplicação de inteligência artificial para ações como produção de novos medicamentos ou carros autônomos, por exemplo”, defendem os articulistas da Foreign Affairs, publicação especializada em relações internacionais.
Questão de inovação
Nesse sentido, aponta o artigo da dupla de Oxford, a maior potência na área de inteligência artificial será aquela que tiver capacidade de entender os dados e força para investir em inovação. E aí trata-se, a saber, de mais um item em que a China fica para trás. Fato histórico, defendem Frey e Osborne. “Historicamente, as sociedades mais inovadoras sempre foram aquelas que permitiram às pessoas buscar ideias divergentes”, escrevem, cientes de que isso não ocorre no país comunista.
“É por isso que a Revolução Industrial aconteceu no Ocidente, não na China”
“Como argumentou o eminente historiador econômico Joel Mokyr, é por isso que a Revolução Industrial aconteceu no Ocidente, não na China”, prosseguem os autores do texto publicado na Foreign Affairs. Para eles, o regime chinês já demonstrou, inclusive em projetos com a Huawei, que prefere manter o status quo político, mesmo que isso resulte em “inovação mais lenta”.
EUA na liderança
Por fim, Frey e Osborne acreditam que os Estados Unidos têm tudo para seguir como líderes mundiais em questões tecnológicas — o que inclui o domínio da inteligência artificial. Os autores do artigo pontuam, contudo, que se isso não ocorrer será culpa do próprio país norte-americano. Eles citam, por exemplo, que restrições à presença de imigrantes pode ser prejudicial. Isso porque são profissionais que ajudam, na afirmação dos articulistas, a impulsionar o setor tecnológico.
“Os Estados Unidos detêm vantagens que podem permitir que sigam líderes mundiais em inteligência artificial. Se perderem essa posição para a China, a razão provavelmente será que Washington tentou imitar o modelo chinês, investindo em ‘campeões nacionais’ em vez de abraçar a competição e o dinamismo [internacional]”, escrevem.
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