Um grupo de cientistas de universidades dos Estados Unidos tem chamado a atenção do meio acadêmico. Financiados por algumas das famílias ricas do mundo, os pesquisadores estão em busca do próximo medicamento de US$ 1 bilhão (quase R$ 5 bilhões).
Em um laboratório sem identificação em Cambridge, entre os campi das universidades Harvard e Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o projeto conta com um investimento de US$ 500 milhões (um pouco mais de R$ 2,4 bilhões). Um dos intuitos é atrair professores universitários altamente credenciados.
A iniciativa tem como objetivo evitar a burocracia que atrasa trâmites tradicionais de pesquisas científicas para descobrir dezenas de novos medicamentos para o tratamento de câncer e doenças cerebrais, que possam ser produzidos e vendidos rapidamente.
“Não me desculpo por ser um capitalista e a motivação dessa equipe não é algo ruim”, declarou o magnata da tecnologia Michael Dell ao jornal The New York Times.
O empresário é um dos grandes financiadores do grupo, batizado de Arena BioWorks.
Entre os bilionários que investem no projeto estão Elisabeth DeLuca, herdeira da fortuna da rede de fast food Subway e um dos proprietários do time de basquete Boston Celtics.
Investimentos de bilionários em cientistas de universidades
Durante décadas, descobertas de medicamentos se originaram em faculdades e universidades e acabaram gerando lucros que ajudaram a encher os cofres de doações dessas instituições.
A Universidade da Pensilvânia, por exemplo, afirmou que ganhou centenas de milhões de dólares com a pesquisa de vacinas usadas contra a covid-19.
A Arena BioWorks tem trabalhado de modo sigiloso desde o segundo semestre de 2023, antes da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Os conflitos causaram repercussão em universidades norte-americanas e afetaram a reputação de algumas instituições de ensino.
+ Veja: ‘Programas de diversidade, equidade e inclusão devem acabar’, diz Elon Musk
Em reportagem ao The New York Times, os pesquisadores optaram em trabalhar no laboratório da Arena BioWorks por causa da frustação do ritmo lento e problemas administrativos das universidades.
Outro motivo é a alta remuneração, como destacou o patologista recém contratado pelo projeto J. Keith Joung, que trabalhava no Massachusetts General Hospital.
“Antigamente, era considerado um fracasso passar do meio acadêmico para a indústria. Agora, esse modelo se inverteu”, disse o cientista, que ajudou a projetar uma ferramenta de edição de genes.
Como surgiu a ideia
Os primeiros apoiadores da Arena BioWorks discutiram a ideia pela primeira vez em uma reunião no final de 2021, em uma mansão em Austin, no Texas.
Dell, juntamente com o primeiro investidor do Facebook, James W. Breyer, e um dos donos do Celtics, Stephen Pagliuca, desabafaram uns com os outros sobre os pedidos “intermináveis” de dinheiro para fundos de faculdades.
Pagliuca havia doado centenas de milhões de dólares para suas universidades de origem, Duke e Harvard, em grande parte destinados à ciência.
Porém, segundo ele, passou a perceber que não tinha nenhuma ideia concreta do que todo esse dinheiro havia produzido, exceto por seu nome em algumas placas do lado de fora de vários prédios universitários.
Nos meses seguintes, os empresários se uniram ao investidor de capital de risco de Boston Thomas Cahill para elaborar um plano.
Cahill disse que ajudaria a encontrar acadêmicos frustrados dispostos a deixar seus cargos universitários conquistados a duras penas, bem como cientistas de empresas como a Pfizer, em troca de uma grande fatia dos lucros de quaisquer medicamentos que eles descobrissem.
Os bilionários apoiadores da Arena BioWorks ficarão com 30% e o restante será destinado aos cientistas e às despesas gerais.
Projeto mais atraente que o meio acadêmico
Uma porcentagem considerável de medicamentos tem origem em subsídios governamentais e/ou universitários.
De 2010 a 2016, cada um dos 210 novos medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) estava ligado a pesquisas financiadas pelos Institutos Nacionais de Saúde, segundo a revista científica PNAS.
As universidades, geralmente ajudadas por seu status de organização sem fins lucrativos, têm um suprimento quase ilimitado e mal-remunerado de assistentes de pesquisa para ajudar os cientistas nas pesquisas em estágio inicial.
+ Leia as últimas notícias sobre Mundo no site de Oeste
Contudo, o problema, segundo cientistas, é que pode haver uma espera de anos para que as aprovações institucionais das universidades avancem com pesquisas promissoras.
Stuart Schreiber, um pesquisador experiente afiliado a Harvard que se demitiu para ser o cientista-chefe da Arena BioWorks, disse que suas ideias mais ousadas raramente recebiam apoio.
“Chegou a um ponto em que percebi que a única maneira de obter financiamento era solicitar o estudo de algo que já havia sido feito”, declarou.
O prestígio de Schreiber — biólogo químico pioneiro em áreas como testes de DNA — ajudou a atrair cerca de 100 pesquisadores para o projeto.
Cahill disse que vários cientistas que ele contratou tiveram o acesso ao e-mail da universidade, rapidamente desativado, e receberam duras ameaças legais de retaliação se tentassem recrutar ex-colegas
+ Leia também: Como a medicina brasileira evoluiu no combate ao câncer
Nas últimas décadas, as Universidades esqueceram-se do seu papel de produzir e reproduzir conhecimento e tornaram-se entidades politiqueiras.
Melhor do que financiar partidos de esquerda que só enriquecem políticos! Eh um ótimo investimento nesses jovens que estão se formando nas universidades, eu conheço uma pessoa que foi para os EUA a convite de uma universidade financiada!