A imigração venezuelana aumentou nas últimas semanas depois do registro de vários conflitos violentos entre forças policiais e manifestantes descontentes com o resultado das eleições presidenciais.
Desde 28 de julho, quando a Venezuela começou a anunciar a suposta reeleição de Nicolás Maduro, mais de mil pessoas cruzaram as fronteiras em busca de refúgio em outros países.
O Exército Brasileiro informou haver uma onda crescente de infiltração estrangeira nos Estados do Amazonas e de Roraima, pois estão localizados na fronteira.
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Segundo o governo federal, mais de mil municípios brasileiros registram a presença de venezuelanos. O processo imigratório cresce desde 2019, quando o atual ditador impôs sua reeleição.
A vitória de Maduro, na época, produziu grande instabilidade política e uma severa crise econômica. Muita gente deixou suas casas porque temia pela própria segurança e exigia melhores condições de vida, incluindo, por exemplo, saúde, transporte e alimentação.
Medo de repressão
Na avaliação dos militares brasileiros, o atual deslocamento ocorre por causa do alto nível de tensão entre defensores da ditadura de Nicolás Maduro e representantes da oposição, que não aceitam o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Subordinado ao governo venezuelano, o CNE diz que Maduro foi o vencedor das eleições com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González. Apoiada por diversos países, como Estados Unidos e Argentina, a oposição reclama de fraude.
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A revolta de parte da população com a suposta manobra de Maduro gerou uma série de protestos na capital, Caracas, onde os movimentos foram fortemente reprimidos pela segurança do governo.
Desde o início dos confrontos, 19 pessoas foram mortas e mais de 1,2 mil presas pelas forças policiais.
De acordo com autoridades do Brasil, os conflitos são os principais motivos para a onda migratória que permitiria aos venezuelanos mais acesso à segurança e à qualidade de vida.
Imigração venezuelana: 3 milhões de pessoas devem ir embora
O Exército calcula que nos últimos anos mais de oito milhões de venezuelanos deixaram o país (580 mil para o Brasil). O volume equivale a 25% da população total do país, hoje superior a 32 milhões de habitantes.
O Centro de Estudos Políticos e de Governo da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, alerta que a vitória de Maduro tende a aumentar a preocupação do povo venezuelano e estimular a busca por outros países.
Na opinião do diretor da entidade, professor Benigno Alarcón, em menos de um ano o país deve expatriar mais de três milhões de habitantes.
Leia também: “A farsa da Venezuela”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 228 da Revista Oeste