A China está expandindo significativamente suas capacidades nucleares e pode igualar-se com os Estados Unidos e a Rússia em mísseis balísticos intercontinentais até 2030. De acordo com um relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), divulgado no domingo 16, Pequim está ampliando e modernizando seu arsenal nuclear.
O documento revela que o arsenal chinês aumentou de 410 para 500 ogivas nucleares no último ano. O Sipri alertou para o fato de que, apesar da redução total de ogivas nucleares devido à eliminação de armas da era da Guerra Fria, o número de ogivas operacionais prontas para uso imediato em caso de conflito tem aumentado.
A China, que anteriormente não mantinha ogivas em alerta máximo, agora tem algumas nessa condição.
Hans M. Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos e membro sênior associado do Sipri, afirmou que a China está “expandindo seu arsenal nuclear mais rápido do que qualquer outro país”, mas ressaltou que “quase todos os Estados com armas nucleares estão planejando ou já aumentaram significativamente suas forças nucleares”.
As estimativas do Sipri coincidem com dados recentes do Pentágono ao Congresso dos EUA, que sugerem que a China tinha mais de 500 ogivas nucleares operacionais até maio e está “em uma trajetória que supera as projeções anteriores”.
Reações internacionais e preocupações com o avanço da China
Durante uma conferência sobre desarmamento nuclear, um alto-comando do governo de Joe Biden disse que os EUA podem precisar aumentar seu arsenal nuclear se Rússia e China continuarem expandindo suas capacidades.
Tong Zhao, membro sênior do Programa de Política Nuclear do Carnegie China, mencionou que a China, que por anos manteve um arsenal de cerca de 200 ogivas, tem aumentado rapidamente esse número nos últimos anos.
Pequim nega uma grande expansão nuclear, mas, se mantiver o ritmo atual, poderá ter mais de 700 ogivas até 2027 e mil até o fim da década, segundo Zhao. Mesmo assim, isso seria menos de um quinto do estoque atual dos EUA, que é de 5.044 ogivas, de acordo com o Sipri. A Rússia possui 5.580.
A expansão silenciosa do arsenal chinês ocorre em meio a conflitos globais, como as guerras na Ucrânia e em Gaza. A guerra na Ucrânia teve um impacto negativo nas negociações de controle de armas nucleares, o que reduz os riscos de romper o impasse e reverte a tendência de desenvolvimento de novos sistemas de armas pelos Estados nucleares, conforme o relatório do Sipri.
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