As chuvas torrenciais deste ano trazidas pelas monções deixaram um terço do Paquistão — uma área do tamanho do Estado do Paraná — debaixo de água e causaram a morte de cerca de 1,3 mil pessoas, sendo quase 500 crianças.
Por causa do excesso de chuvas, desde junho, engenheiros tinham projetado um canal para drenar no Lago Manchar, na Província de Sinde, no sul do país, que ameaçava transbordar e inundar as cidades de Sehwan e Bhan Saeedabad, onde moram cerca de 500 mil pessoas. No entanto, neste fim de semana, o canal se rompeu e milhares de pessoas tiveram de ser levadas para outros locais.
“O fluxo de água foi desviado, mas a ameaça está longe de desaparecer”, disse nesta segunda-feira o ministro da Informação de Sinde, Sharjeel Inam Memon. “Estamos fazendo o nosso melhor para evitar que mais aldeias sejam inundadas.”
Uma grande operação de socorro liderada pelo Exército está em andamento há vários dias. Contudo, o governo admitiu estar sobrecarregado e pediu ajuda à comunidade internacional.
De acordo com os últimos números do governo paquistanês, 6 mil quilômetros de estradas foram danificados e levados pelas chuvas, 246 pontes foram destruídas e 1,6 milhão de casas destruídas ou severamente danificadas desde o início das monções em junho.
O governo calcula que os estragos já passam de US$ 10 bilhões, e a preocupação aumenta à medida que o inverno se aproxima e centenas de milhares de paquistaneses estão desabrigados. Ao longo de todo sul e oeste do país, nos poucos lugares não alagados foram montadas barracas, cobertas com lonas, para abrigar aqueles que perderam suas casas.
As autoridades de saúde já registram surtos de dengue. Também há risco de contágio por outras doenças, porque os sistemas de tubulação estão rompidos e não há banheiros.
De acordo com o governo, a maioria das cidades das Províncias de Sinde e Baluchistão “é apenas uma extensão infinita de água, com pessoas se aglomerando nos poucos lugares elevados e ainda secos”.
Em 28 de agosto, o país declarou estado de emergência. A rede de TV Al Jazeera divulgou imagens da destruição no Paquistão.
Pakistan declares national emergency after devastating floods kill nearly 1,000 people and leave more than 30 million “badly affected” as monsoon rains continue ⤵️ pic.twitter.com/gcKmty1Vox
— Al Jazeera English (@AJEnglish) August 28, 2022
Uma das preocupações é com as 128 mil mulheres grávidas que estão em áreas inundadas, segundo informou neste fim de semana o Fundo de População da Organização das Nações Unidas (UNFPA). Cerca de 42 mil partos devem acontecer nos próximos três meses, disse a UNFPA.
Chuvas tão intensas como as deste ano já tinham sido registradas há três décadas, segundo os órgãos de meteorologia do país.