A semana passada terminou com trágicos eventos. O primeiro deles, por exemplo, foi a morte do CEO da empresa de software Autonomy, Mike Lynch. Ele morreu durante o naufrágio de um iate em Palermo, na Itália. Mais seis pessoas morreram, incluindo a filha do bilionário, de 18 anos, encontrada na sexta-feira 23. Outro caso foi o de um ex-colega do magnata, Stephen Chamberlain, que morreu depois de ser atropelado por um carro. Não demorou muito para que teorias da conspiração começassem a surgir.
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O assunto rendeu um artigo no jornal Financial Times. Nele, a colunista Jemima Kelly questiona por que é difícil de entender as circunstâncias aparentemente aleatórias e sem relação das mortes de Lynch e Chamberlain.
“Mas por que é tão difícil para nós entender a ideia de que algumas coisas são realmente apenas coincidências?”, pergunta Jemima.
Coincidências inevitáveis
Para a colunista, a surpresa diante de coincidências é compreensível, até razoável. Afinal, cada coincidência é, por sua própria natureza, altamente improvável. “Mas que algumas delas ocorram não é apenas altamente provável, é inevitável”, acrescenta.
Em seu artigo, a colunista cita ainda o professor emérito de estatística da Universidade Cambridge David Spiegelhalter, cuja definição para coincidência é pertinente nesse caso. “Tudo que acontece é incrivelmente improvável, e a coisa mais improvável de todas é nascer”, afirma o acadêmico.
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Como sabemos pela definição de Diaconis e Mosteller, no entanto, o que faz uma coincidência é algo que é “significativamente relacionado”. Então, enquanto nossa própria existência pode ser muito mais improvável do que as mortes próximas de Lynch e Chamberlain, não nos consideramos coincidências ambulantes.
Em outro trecho do artigo, Jemima diz gostar da definição de coincidência dada pelos matemáticos Persi Diaconis e Frederick Mosteller no artigo “Methods for Studying”. Eles definem coincidência como “uma ocorrência surpreendente de eventos, percebida como significativamente relacionada, sem conexão causal aparente”.
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“Pela definição de Diaconis e Mosteller, no entanto, o que faz uma coincidência é algo que é significativamente relacionado”, observa a colunista do Financial Times . “Enquanto nossa própria existência pode ser muito mais improvável do que as mortes próximas de Lynch e Chamberlain, não nos consideramos coincidências ambulantes.”
Perguntas sobre circunstâncias
Diante de um conjunto de circunstâncias altamente improváveis e relacionadas de alguma forma significativa, a tendência é procurar uma causa, segundo Jemima.
Ela lembra um caso da Bulgária, em 2009, quando os mesmos números foram sorteados na loterina nacional — duas semanas seguidas. As autoridades ordenaram uma investigação, sob suspeita de manipulação, mas não encontraram nada.
“Coincidências fazem e devem nos levar a fazer perguntas sobre as circunstâncias que as produziram”, diz a colunista do Financial Times. “Às vezes, porém, tudo o que encontraremos é que a verdade pode ser mais estranha que a ficção.”