Algumas das mais impressionantes descobertas do mundo arqueológico são as cidades perdidas. Descobrir novas informações acerca de antigas civilizações, algumas consideradas como meras lendas ou mitos, é um assunto que desperta o interesse naqueles que gostam de história.
De acordo com o professor Doutor Claudio Walter Gomez Duarte, da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), “a importância das descobertas é fundamental para o aumento do repertório humano”, até mesmo “se não tiverem referência em fontes escritas”.
Duarte argumenta que os achados “trazem luz sobre sociedades das quais desconhecemos os seus hábitos e modos de vida”. “O trabalho do arqueólogo tem por objetivo fundamental entender o funcionamento das sociedades a partir da análise da cultura ou dos vestígios materiais”, diz. “Atualmente, a cultura imaterial também entra na interpretação das sociedades.”
Como é definida uma cidade
Segundo Duarte, antes de encontrar as cidades, os pesquisadores precisam definir seu significado. “Muitas vezes, os arqueólogos encontram um sítio arqueológico que não é, necessariamente, uma cidade, mesmo sendo bem conhecido”, observa.
Duarte explica que, “como nem sempre há consenso” sobre qual o significado de “cidade”, o critério geralmente usado para diferenciar uma cidade de um assentamento não urbano é o do renomado arqueólogo australiano Vere Gordon Childe (1892 – 1957).
O professor diz que, se um local não cumpre pelo menos um dos critérios, é desconsiderada a opção de ser uma cidade.
Confira os 10 critérios de Childe:
- Uma cidade é uma espécie de “assentamento bem grande”;
- Existência de especialistas em tempo integral;
- Concentração de excedentes, ou seja, excedentes de produção;
- Arquitetura monumental (Partenon para Atenas, Pânteon para Roma, As pirâmides do Egito);
- Ter uma classe de governantes;
- Um sistema de escrita;
- Ter uma notação numérica;
- Desenvolvimento de ciências exatas;
- Arte; e
- Sistema de intercâmbio e longa distância (trocas entre outras cidades, ou assentamentos).
Como são descobertas as cidades perdidas
“Para encontrar ‘cidades perdidas’, atualmente, o correto é a pesquisa de arqueologia acadêmica”, explica Duarte. “Uma cidade perdida pode ser encontrada também por acaso. Por exemplo: cidades submersas encontradas por mergulhadores.”
De acordo com o professor, os arqueólogos podem encontrar “pistas” para esses locais por meio das fontes escritas, como papiros, pergaminhos, epigrafia, livros, moedas e vários outros tipos de documentação, como mapas, quadros, desenhos e fotografias.
Outra maneira de encontrar essas cidades é ter respaldo de pesquisas de Arqueologia Preventiva, previstas no Licenciamento Ambiental. “O licenciamento ambiental é uma obrigação legal compartilhada entre instituições federais, estaduais e municipais e precede a instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente destrutiva para a cultura local ou para o meio ambiente”, esclarece Duarte.
Confira algumas cidades perdidas descobertas até hoje
Machu Picchu
Conhecida também como a “Cidade Perdida dos Incas”, Machu Picchu significa “velha montanha”. Sem dúvidas, essa é uma das cidades redescobertas mais famosas do mundo e está localizada em uma montanha do Peru, a 2,4 mil metros de altura.
Os cientistas acreditam que a cidade teria sido construída no século 15, como um dos principais símbolos do Império Inca, presente em parte do oeste da América do Sul, na Cordilheira do Andes.
“Nova Iorque viking”
Em 18 de maio, ao consultar especialistas, o jornal New York Times informou que a cidade desapareceu misteriosamente, havendo poucos documentos a respeito. Sabe-se, apenas, que ela estava em uma rota comercial estratégica para aquele povo.
Nenhum pesquisador conhecia a localização exata de Jombsborg, o nome real da “Nova Iorque viking” e maior assentamento da região no século 10. Em textos do início do século 12, a cidade é descrita como “possivelmente mítica”. Ela ganhou o nome de Jomsvikings.
Thonis-Heracleion
Acreditava-se que a cidade era um mito durante séculos, até ser encontrada por arqueólogos subaquáticos em 2000. Dentre as lendas que cercam Thonis-Heracleion, uma delas afirma que o local abriga o templo em que Cleópatra foi coroada rainha.
Há mais de 2 mil anos, essa cidade era um dos grandes centros portuários do mundo, localizada na Baía de Abu Qir, no Delta do Rio Nilo. Responsável por grande parte do fluxo de mercadorias da região, seu porto controlava todo o comércio egípcio. Thonis-Heracleion perdeu o posto depois da fundação de Alexandria, por Alexandre, o Grande, em aproximadamente 331 a.C.