Ilha vive cercada por fake news do país-mãe, mas impôs regras rígidas para não cair na tentação da mentira
Desde o início da pandemia, histórias como a de que militares dos Estados Unidos trouxeram a covid-19 para a cidade de Wuhan, na China, são espalhadas para além das fronteiras chinesas. Em junho, o Twitter removeu 170.000 contas vinculadas a campanhas de propaganda do Estado chinês, incluindo conteúdos falsos e distorcidos sobre a covid-19 e sobre os protestos de Hong Kong.
Mesmo ligada politicamente à China, Taiwan consegue se manter longe da desinformação que o Partido Comunista Chinês tenta promover globalmente. Em janeiro deste ano, por exemplo, o território lutou com sucesso contra ataques de informações falsas nas eleições nacionais. Como?
Taiwan reagiu a esses ataques por meio de três abordagens principais:
• Em primeiro lugar, o governo taiwanês monitorou as plataformas de mídia 24 horas por dia e detectou as notícias falsas com potencial para ganhar força. O governo costumava usar memes para divulgar publicamente as informações corretas, reconhecendo que o conteúdo viral on-line tende a ser curto, engraçado e fácil de entender e compartilhar. As notícias verdadeiras também eram liberadas bem antes dos noticiários noturnos, para que os meios de comunicação tradicionais pudessem ajudar na divulgação, garantindo que a veracidade dos fatos chegasse antes do que as fake news.
• Em segundo lugar, o governo central de Taiwan focou a educação e a conscientização pública. Procurou disseminar a ideia de que notícias falsas são como um vírus. Como qualquer pessoa pode pegar e espalhar o vírus, todos devem trabalhar juntos para detectar e prevenir sua disseminação. Ainda, o partido político no poder aprovou um ato anti-infiltração antes das eleições em janeiro, principalmente para alertar o público sobre atividades estrangeiras maliciosas.
• Por fim, usaram-se meios legais para conter a propaganda chinesa. A lei anti-infiltração também foi adotada para deter a interferência da China nas eleições e enquadrá-la como uma tentativa de penetração do país em Taiwan. A lei estabelece multas de até US$ 335 mil e pena de prisão de até cinco anos para pessoas ou entidades taiwanesas que recebam apoio em forma de doação de “forças hostis ultramarinas”, como é o caso da China. A medida fez com a que a mídia local evitasse cair na esparrela de publicar propaganda do Partido Comunista Chinês, com raras exceções.
Neste ano, Estados Unidos e Brasil terão eleições. As medidas tomadas por Taiwan contra a desinformação chinesa podem servir de alerta para os dois países nos próximos meses de campanha eleitoral.
Adaptado do The Washington Post
Taiwan se assemelha a israel: pequeno e gigante, cheio de dignidade e democracia
Espetacular!