Imagine não ter os três dedos do meio dos pés. Pois é assim que vive a maioria dos integrantes de uma tribo africana chamada Doma, que fica numa região árida no norte do Zimbábue, nos distritos de Urungwe e Sipolilo, próximo ao Vale do Rio Zambeze.
A condição que afeta a tribo africana é cientificamente denominada Ectrodactilia. Ela provoca uma alteração no formato dos pés e/ou das mãos, que passam a ter apenas dois grandes dedos. Os membros ainda estão voltados para dentro.
A deformação afeta uma a cada quatro crianças da tribo. Em razão dessa característica física, seus integrantes foram apelidados de “pés de avestruz”.
O que diz a tribo africana sobre a mutação que deforma os pés
Os líderes mais experientes da Doma, cujo significado é “filhos ou descendentes”, explicam a condição física a partir dos mitos locais.
De acordo com a crença do grupo, seres semelhantes a pássaros vieram das estrelas e cruzaram o DNA com mulheres terrestres primitivas, para gerar sua descendência.
Esses antepassados teriam estabelecido as primeiras colônias numa região do sistema solar, chamada Liitolafisi. Tal perspectiva faz com que a comunidade não veja a deformação com maus olhos.
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Há relatos de que a formação dos pés dos integrantes os ajuda a subir em árvores com maior facilidade. O grupo é o único que não vive da agricultura no país.
Os primeiros relatos da Doma foram descritos por Jan Jacob Hartsinck, diretor da Companhia das Índias Orientais da Holanda, em 1770. Apenas em meados do século 20 que a história da tribo africana — e a deformação de seus pés — começou a se tornar conhecida.
Pesquisadores dizem outra coisa
Cientistas argumentam que a mutação genética que afeta a tribo africana está relacionada ao fato de o grupo viver isolado e de proibir o casamento com pessoas de fora.
Isso causaria um impacto na manifestação da deformidade, tendo em vista que uma das principais causas da Ectrodactilia é uma mutação genética dominante no cromossomo 7.
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Ser dominante significa que a expressão ou a aparecimento da doença requer apenas uma única cópia de um gene anormal.
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