Uma pesquisa conduzida nos EUA e publicada pela revista científica Pediatrics pode tranquilizar milhares de pais ao redor do mundo. Isso porque o estudo concluiu que crianças com asma não possuem maior risco de desenvolver sintomas mais graves da covid-19.
De acordo com o estudo, que reuniu dados sobre a saúde de 49.900 indivíduos na faixa dos 5 a 17 anos de idade, a proporção de crianças asmáticas que desenvolvem a doença é semelhante à proporção daquelas que não apresentam asma. O levantamento foi coletado entre o início de março de 2020 e final de setembro de 2021, período em que a variante Delta era predominante.
“O resultado desse trabalho é muito importante e bastante robusto. O que vimos durante a pandemia foi que o acometimento das crianças pela covid-19, embora fosse importante, teve uma incidência muito baixa em comparação com adultos e idosos. Há outros trabalhos que mostram que os asmáticos adultos tiveram mais complicações pela infecção e maior índice de mortalidade”, afirmou o pediatra Celso Terra, em entrevista exclusiva para a Revista Galileu.
A pesquisa informou ainda que, entre as mais de 706 crianças que testaram positivo pelo menos uma vez para o Sars-CoV-2, cerca de 350 eram asmáticas, enquanto 356 não apresentavam a condição crônica.
“Esse trabalho nos mostrou que a Covid-19 não atinge as crianças com quadros pulmonares da forma como imaginávamos no começo da pandemia. Mas mostrou que quanto mais bem cuidada e mais bem controlada estiver a asma dessas crianças, mais protegidas elas ficam”, concluiu Celso Terra.
Corticoides protetores
Uma das hipóteses apresentadas pelos pesquisadores que explica a “proteção” das crianças com asma enquanto estavam infectadas com o vírus, aponta para o uso dos corticoides inalatórios. De acordo com o resultado do estudo, esses remédios, além de reduzirem a inflamação dos pulmões, contribuíram para diminuir a replicação do agente invasor
Outra hipótese defende que as crianças asmáticas possuem menor manifestação da enzima ACE-2. Essa proteína facilita a entrada de alguns coronavírus, como o novo SARS-CoV-2, causador da covid-19.