Com a morte de Levgeni Prigozhin e de dois outros líderes importantes do grupo de mercenários Wagner, a disputa por poder foi intensificada. O alto cargo é disputado pelo Kremlin, pelas facções internas do Wagner e pelas forças paramilitares externas, que buscam o controle de um império bélico lucrativo globalmente.
Prigozhin se autodenominava o líder insubstituível do grupo, centro de uma intrincada rede de mercenários, empresas de mineração, consultores políticos e agentes de desinformação. Ele tinha laços fortes com governos africanos, o que permitia que o mais famoso grupo de mercenários servisse aos interesses de Moscou em todo o continente.
“Há algumas pessoas competentes que adorariam assumir e tomar seus orçamentos”, contou Denis Korotkov, veterano jornalista russo que fez reportagens sobre o Grupo Wagner na última década, segundo informou o jornal O Estado de S. Paulo. “Mas não existe nenhuma figura semelhante a Prigozhin, com seu enorme fluxo de dinheiro, além de sua eficiência e entusiasmo”.
Um nome que está sendo cogitado é o de Andrei Troshev, integrante do alto escalão do Wagner. Acredita-se que ele, antigo tenente-coronel do Ministério dos Assuntos Internos da Rússia, tenha sido o principal elemento de ligação entre Prigozhin e o Ministério da Defesa durante a guerra na Ucrânia. E ele é um dos poucos generais do Wagner que não estavam no avião que caiu nos arredores de Moscou na semana passada.
Nas redes sociais, em canais de Telegram ligados ao Wagner e blogueiros militares, tem circulado a informação de que Andrei teria sido expulso do grupo. Ele teria traído Prigozhin depois da rebelião de junho.
Alguns integrantes do Wagner acusam Troshev de tentar fechar um acordo com Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia, durante a rebelião. Ele estaria há muito tentando assumir o controle da força paramilitar — e sua rivalidade com Prigozhin ajudou a precipitar a breve marcha de Wagner sobre Moscou.
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Alguns especialistas em assuntos militares acreditam que Troshev pode ser um dos futuros líderes do Wagner moderno, uma vez que o modelo antigo do grupo já não existe mais.
Comandantes da “empresa” de mercenários mais lucrativa do mundo acusam o candidato a líder de recrutar soldados para uma outra companhia militar privada, a Red. Esse outro grupo é uma força privada controlada pelo Ministério da Defesa da Rússia. Acredita-se que seja financiado por Gennady Timchenko, bilionário e aliado de longa data do presidente russo, Vladimir Putin.