Três dias depois de um temporal e da maior enchente dos últimos anos na Espanha, a situação em Valência permanece alarmante. Muitas ruas ainda estão tomadas por carros, levados pela correnteza, e moradores registram saques a supermercados e shopping.
Nesta sexta-feira, 1º, 205 mortes foram confirmadas pelas autoridades. Há dezenas de desaparecidos.
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Até agora, cinco pessoas foram presas em razão dos saques. Os moradores enfrentam falta de comida, de água e de energia elétrica. Como um reforço à segurança, o governo espanhol enviou o Exército para as regiões afetadas.
Os militares também vão auxiliar na limpeza e na distribuição de alimentos na região sul de Valência, a área mais atingida, além de atuarem no resgate de vítimas. Mais de mil soldados estão trabalhando com serviços locais na busca por sobreviventes e corpos. Até agora, 22 corpos foram recuperados.
O ministro dos Transportes, Óscar Puente, informou que muitas pessoas ficaram presas em seus veículos. Carros empilhados ainda bloqueiam várias ruas.
Desde quinta-feira 31, voluntários organizados por redes sociais tentaram ajudar, mas a Defesa Civil pediu a eles que evitassem a região. Equipes de resgate continuam buscando por vítimas, principalmente nos bairros do sul e em municípios como Paiporta e Torrent.
Impacto da enchente
Moradores relataram que muitos saíram para mover seus carros de garagens subterrâneas, mas foram pegos de surpresa pela enchente.
Valência está acostumada a tempestades de outono, mas esta foi a mais severa do século. Em poucas horas, choveu o esperado para um ano inteiro, levando o governo a classificar a enchente como o pior desastre do século 21, ou seja, dos últimos 24 anos. Além das vítimas em Valência, três pessoas morreram em Castilla-La Mancha e Andaluzia.
O primeiro-ministro Pedro Sánchez pediu calma aos cidadãos e que sigam as recomendações dos serviços de emergência, em meio a críticas sobre a demora nos alertas.
Comparações históricas
A Agência Estatal de Meteorologia da Espanha (Aemet) disse que o impacto das chuvas deste ano foi maior que as enchentes de 2019, mas comparável aos dois grandes temporais dos anos 1980: a chamada enchente de Tous, em 1982, e outro em 1987.
Diversas campanhas de doação foram iniciadas para ajudar os desabrigados. O Real Madrid doou € 1 milhão para os afetados.
Os esforços de resgate continuam intensos, com relatos de autoridades sobre o resgate de cerca de 70 pessoas com helicópteros.